
QUE FELIZ DESTINO O MEU !...
Por João Brito Sousa
O título desta crónica, é um verso de António Aleixo, retirado dum dos seus poemas de amor. Trouxe-o para aqui, por um lado, para dar devaia ao poeta e por outro, para espraiar o meu raciocínio, quer quanto ao meu destino, quer quanto ao destino colectivo desta Nação de quase novecentos anos, já que penso que os mesmos não coincidem, temporalmente.
Por João Brito Sousa
O título desta crónica, é um verso de António Aleixo, retirado dum dos seus poemas de amor. Trouxe-o para aqui, por um lado, para dar devaia ao poeta e por outro, para espraiar o meu raciocínio, quer quanto ao meu destino, quer quanto ao destino colectivo desta Nação de quase novecentos anos, já que penso que os mesmos não coincidem, temporalmente.
A palavra destino, num sentido genérico, tem uma força enorme e uma distância igualmente enorme; fica lá para os confins. Mas situando-se muito distante, tem, na pertença de cada um de nós, uma distância relativamente pequena e uma longevidade igualmente pequena. Quer dizer, o destino do País situa-se lá para o fim do Universo e o destino do homem, cada um por si, situa-se numa distância e longevidade próximas. Digamos então que destino do País e o destino do ser humano, apenas se vão encontrar no somatório dos diversos destinos do homem, podendo sim, nessa altura, encontrar-se esses vários destinos individuais, representado pelo último, com o destino do País.
“Que feliz destino o meu, desde a hora em que te vi, julgo até que estou no céu, quando estou ao pé de ti”, é o que canta Aleixo, que é o destino que o poeta requer para si, e, no fundo, requer para nós todos, pretendendo conduzir-nos a uma harmonia de interesses, para se chegar a um estádio de bem estar sentimental, neste caso, que nada tem a ver com políticas de Governos em exercício, mas sim com sentimentos, que se geram no interior de cada um de nós e dos quais, apenas nós somos responsáveis pela sua condução, que às vezes, por ser má, também não nos traz a almejada felicidade.
No campo social, há também um destino pessoal que navega dentro do campo das possibilidades de acesso, que potencialmente cada um de nós possui e nos são disponibilizadas pelo País, enquanto entidade responsável pelo destino de cada um de nós. E aqui é mais difícil de conciliar e ter êxito, porque é uma entidade colectiva a gerir um colectivo, com a particularidade deste colectivo ser o somatório de comportamentos individuais, cada um com a sua formação, o seu querer, a sua potencialidade, que vai encaixar na oferta do colectivo País.
O nosso destino particular, dependerá do comportamento do destino colectivo preconizado e implementado pela entidade maior designada País, não se podendo esquecer, que esse comportamento é executado por unidades de destino já ali ao virar da esquina, chamemos-lhe destino à vista, se bem que no conjunto se deva ter em mente que esse destino País é o destino a grande distancia.
Estará aqui a razão da grande desarmonia? O destino dum País é preparado e conduzido a uma velocidade mais lenta, porque é de dimensão maior, comparativamente ao destino pessoal de cada um de nós, que exige mais rapidez, por ser de extensão mais curta. Há aqui nestes comportamentos disparidade de procedimentos, o que origina o prejuízo numa das partes, normalmente a mais fraca e a de menores recursos e capacidades. Que somos nós.
O destino, num outro sentido, é uma palavra portuguesa que nos amarra e simultaneamente nos encanta. E que nos atrai, nos momentos mais difíceis. Às vezes até o cantamos porque somos um País, aparentemente, sem destino e por isso cada um de nós terá igualmente um destino precário. Mas cantadores de fado, sempre.
Eu não canto porque não tenho voz. Mas gostava.
Jbritosousa@sapo.pt
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