FOTO DO ALMOÇO ANUAL

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A VELHA MALTA

sexta-feira, 8 de julho de 2011

AS AGENCIAS DE RATING

(Dr. Rogério Barroso)


AGÊNCIAS DE «RATING»
mail recebido de ROGÉRIO BARROSO – Monte Francisco, quinta-feira, 7 de Julho de 2011

O meu compadre Jaquim foi hoje aos Correios (CTT) de Castro Marim para levantar o dinheiro que o Estado português lhe devia e lhe mandou num vale postal. O vale foi emitido em 5 de Julho, e o mê compadre só poude receber a maquia no fim da tarde de hoje. Isto porque, ontem e hoje, a funcionária desta velha empresa do Estado, mais tarde empresa pública, actualmente empresa privada (sociedade anónima), não tinha dinheiro para lhe pagar, muito embora o vale postal deva, por lei, ser pago, no momento da sua apresentação ao balcão dos CTT.


Quando recebeu a dita importância, o mê compadre havia deixado de receber 1,20 euros (juro de compensação à taxa legal de pagamento do Estado português aos seus credores internacionais e quase à taxa legal para as dívidas dos comerciantes em Portugal), a empresa CTT (que vai ser brevemente privatizada de forma completa, ou seja: entregue a uns figurões sócios do Cavaco Silva e amigos e patrões do Pedro Passos Coelho, devendo o Estado pagar por cima, por mor de a empresa estar em muito deficientes condições financeiras e o Estado de Portugal assumir isso como culpa sua por via de ter nomeado os administradores que malbarataram a mesma, e que agora serão confirmados na administração pelos novos Figurões, sócios do Cavaco Silva e patrões do Pedro Passos Coelho, que vão ficar com a empresa e com o dinheiro do Estado português) enriqueceu na mesma medida sem nada ter feito para isso (apenas à custa do seu incumprimento da lei de Portugal e do facto de deter esse dinheiro em seu poder irregular, ilegal e ilegìtimamente, recebendo esse valor do banco respectivo – BES, BCP Millennium, Banif ou CGD – bancos esses detidos e dirigidos pelos banqueiros ladrões que vão ser agora duplamente enriquecidos pelo dinheiro que vão receber das autoridades internacionais da troica de quatro, duplamente porque já o haviam antes recebido do Estado de Portugal, segundo o plano de Sócrates, do PS, do PPD/PSD e do CDS/PP para salvar a economia capitalista portuguesa), e o Estado português, ao aumentar a sua dívida «soberana» com mais essa quantia, perde este valor porque nem CTT nem nenhum banco lhe pagará jamais. Os Parolos aí estão e aí estarão para fazer sacrifícios.


Entretanto, o governo do Estado de Portugal pôs o país a saque. Ao pé destes, não só o Sócrates, mas até o Hitler (tal como outros chefes do capitalismo «democrático», cristão e ocidental, sejam eles ditadores ou «democratas»), são uns verdadeiros santos. Estudem só a forma como o Estado de Portugal, através dos seus administradores, vai proceder à cobrança do imposto especial em que gamam metade do subsídio de Natal aos que trabalham (atenção que não há nenhum imposto especial sobre os que nada fazem e vivem à custa do trabalho dos outros, nomeadamente o patronato gatuno!, nem, tão pouco, vai ser o Estado a cobrar directamente este imposto, a não ser aos pensionistas), ou vejam quem são os alunos das centenas de escolas que essa corja de bandidos (que dirige o Estado) está a encerrar.


Há aí, nomeadamente nos Estados Unidos da América, uns escritórios de malta que passa a vida a dar informações (nos tempos do meu pai, o povo chamava-lhes «bufos»), e chama-se a cada grupo deles uma «agência de rating». Esta tropa fandanga está agora muito na moda e até nas tabernas do Montinho, onde eu moro, já muito se fala e discute sobre tais «gangs». Estas agências (como o seu nome designativo de natureza bem indica, são compostas de agentes, ou gajos que agem) têm como actividade aconselhar gente com muito dinheiro e que se dedica à alta agiotagem internacional, quase nunca por meios legais (mas muitas vezes por meios que os próprios Estados dos países transformam em legais através do abuso legislativo que é apanágio das administrações públicas das nações capitalistas). Devem fornecer-lhe conselhos e informação sobre se os aparelhos de Estado dos países aos quais tais Figurões emprestam dinheiro (o que fica a constituir a chamada «dívida soberana») fazem tenções ou têm capacidade de, em determinados prazos, lhes pagarem essas maquias que eles (investidores ou mercados, assim lhes chamam agora) já gamaram noutros lados, a outros Parolos, e que, agora, «emprestam» (modernamente chama-se «compra da dívida soberana») a esses Estados, através da administração pública de cada qual (representada pelos governos de cada país, que os energúmenos da parolagem local lá colocam, segundo as «eleições democráticas»).


Vai daí, caiu hoje o Carmo e a Trindade, porque uma dessas agências terá informado pùblicamente que a «dívida soberana» do governo do Estado de Portugal é merda (a tradução exacta da palavra inglesa empregue não é «lixo»). E veio meio mundo do «arco do governo» e da «zona do poder» clamar contra tal desaforo, usando os mesmos métodos de Santo António a falar com os peixes, ou do Judas a cagar no deserto, ou do António Silva a falar com o Pinóquio no «Páteo das cantigas». O Pedro Passos Coelho levou um murro no estômago, o Cavaco Silva disse que a oportunidade da agência não era esta, e os comentadores da comunicação social do regime (secundados veneradoramente pelos locutores da mesma) de tudo disseram já, para não terem de dizer o quanto estão desesperados perante esta implosão do capitalismo, que começou com a bolha americana e seus factos consequentes, veio a correr para a Grécia, está agora a atingir a Irlanda e Portugal, e já ameaça directa e concretamente a Itália, a Inglaterra e a Espanha. E estamos só no começo das consequências internacionais de tal implosão!

«O início do esplendor da monarquia de Inglaterra não pode ser separado de algo fundamental da História dos tempos modernos: o processo de secularização que atingiu o seu ponto culminante quando, na transição do final do século XVIII para o início do século XIX, o Antigo regime ruiu e os bens da Igreja foram confiscados. A importância deste processo de secularização do desenvolvimento histórico do Ocidente foi realçado e sublinhado por numerosos Autores (…). Ora, no caso específico inglês, torna-se praticamente impossível conhecer nos seus contornos o expansionismo e o imperialismo britânicos ao longo dos séculos, sem antes compreender a repercussão do fenómeno da secularização provocado pela Reforma em Inglaterra.
Na abordagem de uma questão crucial como esta, um Autor tão importante como Laski chegou mesmo a afirmar, referindo-se justamente ao caso específico inglês, que “aquilo que o Estado fez em prol do liberalismo no século XVI é diferente daquilo que em épocas posteriores se lhe exigiu que conseguisse… Sem dúvida podemos dizer que aquilo que o século XVI trouxe consigo foi a destruição da autoridade eclesiástica na esfera económica. Isto permitiu que as relações comerciais se desenvolvessem sem qualquer incómodo de considerações teológicas.”. Foram múltiplos os Autores, de entre os quais Troeltsch e Max Weber, que estudaram o fenómeno das relações entre o protestantismo e o desenvolvimento capitalista, enquanto outros, como Von Martin, Fabvre ou Laski se detiveram privilegiadamente – como fizeram posteriormente os Autores positivistas e marxistas – na profunda repercussão política e social das medidas simultaneamente económicas e religiosas. Com efeito, a destruição da autoridade da Igreja permitiu – com especial incidência em Inglaterra – o surgimento e a consolidação de um Estado de carácter cada vez mais secular, o qual procurou e conseguiu determinar, como uma das suas missões básicas, o desenvolvimento de uma nova ideia – que poderá ser fàcilmente considerada como ideia liberal – e que acabou por substituir o papel eclesiástico na tarefa de configurar a realidade de um novo guardião do bem-estar social. O novo Estado monárquico inglês, no intuito de ajudar a fomentar o seu prestígio, ocupou-se da construção da sua própria moral sòcio-política e económica, fazendo-a assentar no princípio da “utilidade”(…)


Todo este processo, como será fácil de imaginar, teria repercussões importantíssimas em todos os âmbitos da vida social e cultural, implicando uma mudança transversal que decorria do facto de o Estado não perseguir, como fim, a realização por parte dos cidadãos de uma vida boa e santa, mas sim a criação de condições que propiciassem a existência de fontes de riqueza, através de meios legislativos favoráveis ao desenvolvimento de bons negócios». [in ANTONI JUTGLAR, professor da Universidade de Barcelona].

As agências de «rating» têm razão: a «dívida soberana» do Estado de Portugal é merda, é lixo!
E esses «bufos» avisam, dentro das suas obrigações perante quem lhes paga para tal, que quem tem dinheiro não o deve emprestar ao governo do Estado de Portugal, porque esta seita de caloteiros (a quem eu chamo igualmente «filhos de puta», «gatunos», «incompetentes», etc.) nunca mais lhes paga. Segundo as notícias do regime, o presidente do Banco Central Europeu diz que não vai ligar ao que dizem os «agentes rating», porque já «aceitou» a «dívida soberana» como garantia para os chamados «empréstimos» que a troica de quatro veio negociar com o PS, com o PPD/PSD e com o CDS/PP há dois meses, por cuja causa esta malta do poder anda agora a pôr o país a saque da gatunagem, seus amigos e patrões.

Querem que eu diga isto de outra forma?



recolha de

JBS

1 comentário:

  1. Num blog de cultura onde desfilam referencias a grandes autores, basta ver os últimos posts,foi para mim uma surpreza desagradavel o que acabo de ler. Fi-lo duas vezes para ter a certeza de que não era um pesadelo!..E não é. é sim uma desilusão. A prova de que um nome precedido de um DR não nos garante qualidade ou imparcialidade. Este senhor, qual alambique, só destila ódio. A proveito para o informar que "junk" não quer dizer "merda" mas, "socata"...o que não é nem de perto nem de longe a mesma coisa. "Merda" na lingua inglesa é, "shit" senhor DR.
    Se for publicado deixo ao doutor JBS aquele abraço

    Diogo

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