FOTO DO ALMOÇO ANUAL

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A VELHA MALTA

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

NORTADAS DE MST (III)



OPINIÃO




FELIZMENTE HÁ JUSTIÇA



Artigo de MST em jornal "A BOLA" de 2011.10.18




O futebol deveia ser ma prática desportiva que educasse as pessoas no sentido de evitar o fanatismo e tentando ver as coisas por um ângulo mais justo.



O que não acontece.



Na sua crónica de hoje, MST, diz : "Eu bem me tinha queixado na semana passada que andava com saudades do futebol a sério..."



Confesso que não sei o que é isso de futebol a sério, porque MST tambem não expilica. Talvez que se MST ouvisse o que se andou aí a dizer em you tubes sobre frutas e outras coisas do género, talvez percebesse ...



E se lesse o jornal espanhol " A MARCA" recentemente, talvez percebesse...



E se ouvisse Platini talvez percebesse ...



A crónica de hoje é um churrilho de ataques ao MP a despropósito, sem pés na cabeça.



No meio de tudo isto tudo o FC Porto é uma instituição intocável.



Francamente ...



JBS

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

EXPERIÊNCIA DE VIDA





A EXPERIÊNCIA DA VIDA
Por João Brito Sousa

Experiência de vida, é o estatuto, que apresentamos depois de termos percorrido uma boa parte dessa mesma vida. Diziam os velhos da minha terra, quando falavam desses assuntos nas tabernas, nas noites de inverno, que na experiência de vida, o corrido valia mais do que o lido.



Na deles, quereriam dizer que experiência de vida vinda do corrido, seria o conhecimento adquirido, do facto de se ter estado/ visitado muitas terras e conhecer variados usos e costumes. Esta experiência de vida, será uma aprendizagem obtida através da resolução dos problemas quotidianos. A outra aprendizagem obtêm-se pela leitura ganhando-se com ela novos horizontes.
No fundo, a experiência de vida, insere-se na relação do homem com o mundo, consigo próprio e com os outros. Digamos que, contactando com os outros, o homem aprende e melhora a sua conduta social e o seu relacionamento. É um comportamento racional



É nas manifestações simbólicas da cultura que ganhamos experiência de vida, que, por sua vez, nos trazem as verdades que assimilamos facilmente.



Contou-me uma vez o Dr. Roldão, um clínico de oitenta anos que se sentava à mesa com os estudantes no Café Central em Almada, anos 60, que, quando a estátua de D. José foi colocada no pedestal no Terreiro do Paço, em Lisboa, com o auxílio de cordas, a estátua não conseguia ser colocada, porque as cordas não davam mais margem para levantar a estátua em mais 2 cms. Foi então que um velho marinheiro lançou um grito e disse: molhem as cordas. E logo as cordas esticaram o suficiente para colocar a estátua no seu lugar.



Venceu a experiência? Sim, experiência e experimentação. Às vezes ganha-se experiência, experimentando.



Não devamos confundir no entanto, experiência com experimentação.



O experiente sabe prever os factos e antecipar-se a eles. O saber do experiente é um saber inteligente. A experimentação se não for transformada em experiência perde-se no termo da sua execução.



Mas a experiência de vida é interminável. É uma tarefa que nunca acaba e nunca somos detentores de toda essa experiência

João Brito Sousa

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AS NORTADAS DE MST (II)



AS NORTADAS DE MST (II)

OPINIÃO
Por João Brito Sousa

Miguel Sousa Tavares, que li algures se considera mais jornalista que escritor, escreve, a long time ago, para o jornal “A BOLA”, crónicas sobre futebol que não têm a minha aprovação, porquanto, o que MST diz, diz qualquer analfabeto, isto sem ofensa, e exijo mais de MST.

Na última crónica datada de Setº 20. 2011, critica o treinador Victor Pereira por tirar apontamentos e depois no ponto 1,, vem dizer que FC Porto e Benfica poderiam ter feito muito melhor, nomeadamente citando que os benfiquistas acham que fizeram um jogo fantástico, ficando muito amofados se lhe dizem que jogaram contra as reservas do Manchester, numa atitude sem qualificação e que lhe fica mal. Nada teria a dizer se a ouvisse do operário especializado que possui a terceira classe, o mínimo exigido no meu tempo.

No ponto 2, diz que o FC Porto foi assinar a Aveiro uma exibição miserável, o que revela desrespeito pelos atletas e pleno desconhecimento do que é um jogo de futebol, praticado por atletas e não por máquinas. Outros …

O texto que vai a seguir escrevi eu para o jornal “o Olhanense” e como cronista desportivo, acho que posso devo até expor estas ideias, porque, a meu ver, expressam um contributo social, coisa que não vejo nas suas crónicas.

PLANIFCAÇÃO DA ÉPOCA E INÍCIO DO CAMPEONATO.

Planificar, é uma acção indispensável a qualquer entidade que esteja colocada no mercado, quer inserida numa competição ou sujeita à lei da oferta e procura. Em futebol, é indispensável planificar e impensável não planificar, porquanto os sócios e simpatizantes dos clubes, são exigentes no que se refere a resultados, neste caso, desportivos. O futebol, nos dias que correm, já não é o acaba aos dez e muda aos cinco, como nos tempos da nossa meninice, onde havia uma bola de borracha ou até de trapos e jogávamos até à noite ou para lá dela. Mesmo o tempo do amor à camisola e da baliza ás costas já se foi.

Hoje, além dos golos marcados a mais do que os adversários, que se traduzem em vitórias na disputa entre duas equipas que praticam futebol, a importância que essa pratica desportiva tem nas populações e o impacto social que nelas provoca, levou a que o futebol se organizasse num estilo empresarial, para lhe trazer verdade e pagar os seus impostos, já que, nalguns casos, é uma actividade lucrativa.

A realidade é que o futebol conquistou o seu espaço, onde os seus representantes máximos, atingiram uma notoriedade tal, cujo mediatismo os coloca ao lado dos políticos e em alguns casos, ultrapassa a cotação dos gestores de empresas de nomeada.

No futebol é preciso saber-se estar, visto ser um grande espectáculo e é por natureza uma área em que existe muita exposição e, consequentemente, há uma grande notoriedade.

Antes da época começar, ou seja, no chamado defeso, os clubes programam, definem e aprovam a planificação do que vai ser executada durante o decorrer do campeonato onde estão inseridos. E gasta-se muito dinheiro na renovação dos planteis, porque há um objectivo a atingir. Mas que ninguém poderá garantir nada. Ganhar os primeiros jogos é um bom princípio de iniciar um campeonato. Mas às vezes não se ganha, pelo contrário, perde-se, pela desambientação dos que acabaram de chegar. O que deitou por terra toda a planificação. Mas não há outro processo.

O início do campeonato, bom ou mau, estará sempre relacionado com a boa ou má planificação da época, porque nela estão envolvidos todos os agentes que vão colocar em andamento essa mesma planificação. Nesta considera-se entre outras a componente treino, que motiva os intervenientes no processo em curso, incluindo-se nele, nomeadamente, dirigentes, corpo técnico e jogadores. De referir que a presença do técnico que treina a equipa, é fundamental em todos os domínios da organização, porque planificar, será, por exemplo, indicar qual o jogador que em determinada altura fala à imprensa, quem se dirige ao árbitro em campo, quem é o capitão da equipa, quem fala com o Presidente da SAD ou do clube, quando necessário, quem discute o período de férias, digressões ao estrangeiro, escolha de Hotéis e por aí fora.

Todo este trabalho, planificar e preparar o início do campeonato, é trabalho para profissionais, cada vez mais especializados nas várias vertentes envolvidas A relação com a comunicação social é preponderante, a presença dos responsáveis no terreno onde se desenrolam todas as acções é decisiva, a experiência nestes domínios é fundamental. Saber dirigir, eis a questão.

jbritosousa@sapo.pt

OUTRO ASSUNTO: Maradona acusou o seleccionador argentino Baptista de receber dinheiro para convocar jogadores. Mas fez o mesmo. Miguel, aqui é o seu terreno e, ao falar sobre isto, estará a dar um contributo para tornar o mundo melhor. Como o está a fazer, não.

jBS

terça-feira, 20 de setembro de 2011

POEMA



VIAJAR


Vai, vai conhecer outras culturas
Mas não fiques lá, traz novidades
Coisas novas; testadas e maduras
Que façam mudar as mentalidades


Um mundo novo, sim é preciso
Mundo com carinhos e sem dores
Mundo onde o amor seja decisivo
Com jardins recheados de flores

Para uma bonita rosa oferecer
À minha namorada com prazer
E juntos a possamos ao céu elevar


E no erguer da rosa vai o nosso amor
E a esperança dum mundo melhor
Que é o que peço tragas ao regressar


João Brito Sousa

AS NORTADAS DE MST




AS NORTADAS DE MIGUEL SOUSA TAVARES

OPINIÃO
Por João Brito Sousa

Salvo melhor opinião, os artigos de MST publicados no jornal ABOLA, são do género daqueles jogos de futebol da nossa meninice, jogados com um bola de trapos, do tipo, muda aos cinco e acaba aos dez.. MST, tem obrigação de fazer melhor, uma coisa do tipo que vai a seguir, que e escrevi para o jornal “O OLHANENSE”, que aí vai.

“O futebol, nos dias que correm, já não é o acaba aos dez e muda aos cinco, como nos tempos da nossa meninice, onde havia uma bola de borracha ou até de trapos e jogávamos até à noite ou para lá dela. Mesmo o tempo do amor à camisola e da baliza ás costas já se foi.


Hoje, além dos golos marcados a mais do que os adversários, que se traduzem em vitórias na disputa entre duas equipas que praticam futebol, a importância que essa pratica desportiva tem nas populações e o impacto social que nelas provoca, levou a que o futebol se organizasse num estilo empresarial, para lhe trazer verdade e pagar os seus impostos, já que, nalguns casos é uma actividade lucrativa.


A realidade é que o futebol conquistou o seu espaço, onde os seus representantes máximos, atingiram uma notoriedade tal, cujo mediatismo os coloca ao lado dos políticos e em alguns casos ultrapassa a cotação dos gestores de empresas de nomeada.


No futebol é preciso saber-se estar, visto ser um grande espectáculo e é por natureza uma área em que existe muita exposição e, consequentemente, há uma grande notoriedade. É importante realçar que esta notoriedade nem sempre é positiva, sendo conhecidos casos de pessoas que foram muito prejudicadas profissionalmente por essa exposição.


O futebol criou o seu próprio mundo e seu próprio modelo de funcionamento. E onde não é possível dizer, peremptoriamente, vou ganhar. E há quem o diga. Talvez inconscientemente. Porque o futebol é diferente do mundo empresarial, apesar do mundo do futebol ter muito a ganhar com o rigor e o profissionalismo na gestão do capital humano que existe em algumas empresas. Mas isto não significa que o que se faz nas empresas possa ser aplicado directamente ao mundo do desporto. Existe um conjunto de factores específicos que desaconselham a «adopção» mas aconselham a «adaptação». Estou certo de que as empresas também tinham a ganhar se olhassem para algumas experiências que têm acontecido nos clubes desportivos como uma fonte de aprendizagem. De qualquer forma, hoje na gestão sabe-se que a emocionalidade e a racionalidade não existem uma sem a outra. Provavelmente, existe mais emocionalidade nas empresas do que aquilo que julgamos e também mais racionalidade nos clubes do que aquela que parece existir numa primeira análise.


O problema maior do futebol é o ganhar, são as vitórias que se prometem e muitas vezes não é possível fazê-lo. Venho para ganhar, ouve-se ás vezes. Sou um líder, também se ouve. Mas o futebol é dentro do campo e é aí que tudo se resolve. E é isto que os dirigentes têm de entender. Porque às vezes a bola bate na trave. E as consequências revêem-se nas assistências no campo. Que são necessárias, sobretudo a quem está a jogar. Para ganhar. Mas para que isto aconteça tem de haver muita vontade e empenho, uma boa liderança dos primeiros responsáveis e grande unidade, de cima até baixo, ou seja, desde o Presidente ao roupeiro, com todo o respeito.


O futebol fala em milhões. E organizou-se. (algumas passagens retiradas de Mundo RH)


Não era bem esta postura que eu queria trazer para aqui, em termos de como eu penso que o futebol deve ser analisado. Mas nem isso o MST faz …

(continuo)

jbritosousa@sapo.pt

domingo, 18 de setembro de 2011

A CRIANÇA QUE FUI



A CRIANÇA QUE FUI.

Todos nós fomos crianças, todos nós fomos pequeninos, todos nós tivemos pai todos nós tivemos mãe. Parece que isto é assim. Depois de crianças e de pequeninos, crescemos na altura, na idade, na maneira de ser e noutros aspectos.

Face a isso, a todos se nos irá abrir um caminho, uma estrada para percorrer e uma missão para cumprir. Alguns ficaram apenas com o destino no horizonte porque não puderam chegar, por razões diversas… a lado nenhum. E aqueles que chegaram a iniciar a caminhada, foi-lhes exigido uma carga de trabalho excessivo, às vezes, grandes doses. Dizem que isto é a vida. A ser assim, qual o valor da vida?...


Falar de vida é a mesma coisa que falar da nossa existência. Se vivemos logo existimos. E a nossa existência, só ganha significado, se cada um de nós encontrar o itinerário adequado à sua própria maneira de ser e de pensar, e nela aplique toda a experiência que quotidianamente vai consolidando.


Com este comportamento pretende-se obter uma sabedoria e um conhecimento de tal dimensão, que nos possibilite encontrar verdades na vida com tal evidência que nos façam compreender o que é ou não é justo, o que é ou não é correcto, o que é ou não é desejável, o que é ou não é ético, pois só assim estaremos em condições de nos confrontarmos com o erro, com a desordem e a violência.


Compete-nos a nós, preocuparmo-nos com a nossa existência comprometendo-nos encontrar uma mudança para melhor. Com amor. Com amor à vida. É um trabalho de transmutação da condição humana, fundamentalmente uma afirmação de valores que constituam a base de um agir lúcido e corajoso, capazes de dominar aqueles impulsos, que sempre destruíram a liberdade e atraiçoaram a justiça.


É fundamental pensar num projecto que lance os alicerces sólidos e sem complexos direccionados a um humanismo real, repensando a articulação do pensamento com a prática, desenvolvendo uma actividade tal que nos traga as respostas para a densa problemática das finalidades da existência.

O trabalho a realizar será, portanto, dar uma orientação à vida no sentido de nos apercebermos de como agir nesse período precário e frágil, que cada ser humano assume como uma herança enigmática


Na realidade, a vida humana é um permanente diálogo entre o eu e o eu. Não obstante o horizonte se envolver na obscuridade e por consequência no terreno da irracionalidade, é preciso entender que o encontro com a vida, não sendo necessariamente o despertar de uma esperança é porem o único desafio que resta face ao desconhecido.


É uma interminável busca de respostas para interrogações fundamentais. Apesar de nenhuma explicação nos chegar, pensar a vida e examiná-la é o caminho próprio, tornando-se na tarefa mais antiga que o Homem tem tido a seu cargo desde a Antiguidade.


O ser humano encontra-se inteiramente abandonado à necessidade de se realizar por si mesmo. Mas alguma coisa de criança continuará sempre em nós.

Texto de
João Brito Sousa

E O POVO PÁ ! ...



E O POVO PÁ !...
Por João Brito Sousa

A frase em título tem força e musicalmente tem a sua própria melodia e a sua própria docilidade. Vejo nela um, talvez, estado de alerta, uma pergunta bem colocada e uma resposta que ainda não foi dada. Mas que tem de ser dada. É uma expressão popular mas de grande alcance e significado. Porque representa quem está no último degrau da hierarquia social. O povo, diz a canção do Zeca Afonso, é quem mais ordena, mas isto numa perspectiva de poder ser assim, porquanto o povo é expresso em maior número de pessoas. E poderão eventualmente ter força.



O que se duvida porque é preciso organização, determinação e vontade, disponibilização e empenho e sobretudo competência e cultura. O que é muita coisa. O povo, apesar de tudo, tem evoluído muito no aspecto cultural, penso eu. Todavia é a classe social que enfrenta mais dificuldades perante as exigências da vida. Daí o título. Uma pequena parte dessa classe operária, a que estava razoavelmente organizada, pouco numerosa sim, ajudaram a construir a República, embora não tenham obtido aquilo que ansiavam. Juntamente a esta classe operária, situavam-se os pequenos funcionários públicos, os empregados do comércio e dos transportes. Isto é o povo.



Em 1910, havia em comum, nestas classes sociais o analfabetismo e por via disso a ausência de noção de classe . Nos campos as populações viviam situações de sérias dificuldades o que os levou a revoltar-se esporadicamente contra a exploração que lhes era movida pelas cidades.
A situação hoje não é muito diferente e essas pessoas que citei, continuam com problemas. E daí a pergunta dirigida às entidades responsáveis. E o povo, pá! …


Quando a Republica foi implementado, a sociedade portuguesa estava dominada pela alta burguesia, constituída pelos grandes banqueiros, comerciantes e industriais, que partilhavam o poder politico com a velha aristocracia proprietária da terra. O povo constitui, por norma, a classe social mais desprotegida, pelo que coloquei essas palavras em título. Era bom que as pessoas se consciencializassem que os valores da fraternidade, da solidariedade do respeito pelo próximo e outros conhecidos, são os pilares de uma sociedade mais justa. Existem duas verdades que nunca podem ser separadas neste mundo: 1ª que a soberania reside no povo; 2ª que o povo nunca deve exercê-la. Nesta frase de Antoine Rivarol está perfeitamente identificado o que vale o povo e o que não vale. A força do povo, o seu potencial, o que o povo pode fazer nunca deverá ser esquecido, dai o título, mais uma vez o refiro, desta crónica. Porque no fundo, o povo, é uma classe social conservadora, onde ele próprio não é muito ligado a mudanças.


O povo tem um historial grandioso.
É o que eu penso.

jbritosousa@sapo.pt

GOSTAVA DE PERCEBER TEXTO ONE MORE TIME.

ONE MORE TIME


1 -Nos dias de hoje, é comum pensar-se que aqueles que se julgam famosos têm mais valor do que a generalidade das pessoas. Mas tudo não passa de ilusão. Aqueles que têm verdadeiro valor não são os que se evidenciam em frases medíocres ou em espectáculos alienantes, mas os que se esforçam, de um modo muitas vezes anónimo, para tornar melhor e aplaudindo, por exemplo, alguns escritores cuja escrita lhes agradou.


2 - A falta de compostura e as liberdades de linguagem tomaram o lugar da correcção e da delicadeza, que ainda prevaleciam há algum tempo atrás. A mentalidade que se instalou, a par de um falso conceito de liberdade, criou algumas situações de grave confusão.


3 - Adoptar o princípio de se insurgir sempre que convém atrai a desconfiança dos demais sobre a maneira autorizada de estar. Quem ofende acabará por ter resposta, porque quem semeia joio não pode colher trigo. Nada é mais importante do que uma consciência tranquila, embora o caminho nem sempre seja fácil.


4 - A cólera obscurece a mente e impede o raciocínio. Cria situações insustentáveis, das quais todos saem prejudicados. Aqueles que gostam de se enaltecer atraem a inveja dos demais e acabam sozinhos. Quem tem verdadeiro valor é discreto e simples, trata os outros com afabilidade. É um sinal de imaturidade a atitude exibicionista de quem gosta de se fazer notar pelos piores motivos: a indisciplina, a ignorância e a grosseria.

5 - A paciência é uma virtude fundamental, que se deve pôr em prática diariamente, porque as contrariedades são inevitáveis e é um erro perder-se a compostura por causa delas, porque a paciência tem limites.

6 - As tempestades destroem edifícios que com carinho e esforço foram construídos.
E quem semeia ventos…


7 - O Rogério comunicou-me a sua decisão de não continuar a orientar o Blog e, em face do exposto e da leitura dos comentários, tomei a decisão de suspender o Blog a partir desta data.

8 - FRATERNIDADE, VITALIDADE E SOLIDARIEDADE, são três lemas que deveriam estar presentes em todos os Costeletas.

O Presidente

COMENTÁRIO


1 - O autor do texto não tem o direito de dizer estas palavras sem direcção. Afinal quem o famoso aqui ? ...

2- Falta de compostura de quem ? É preciso dizê-lo ...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

POESIA

UM POEMA DE DONZÍLIA ALVES

GRITEI SETE MARES!


Correr… vou correr
Nas asas do vento
Cantar sem saber
Onde vai meu lamento


Gritei sete mares
Onde naufraguei
Nas ondas cantares
Onde me encantei

E assim percorri
Nas asas do tempo
Tudo o que não vi
Em outro momento


Encontrei paixão
Ao longe na areia
Pois meu coração
Em paixão se enleia


Despida de tudo
A ti me entreguei
O mar ficou mudo
E então eu cantei


Gritei sete mares
Onde naufraguei
Nas ondas cantares
Onde me encantei


Não foi ilusão
O que aconteceu
Tenho em minha mão
O que outrora morreu

Donzília Alves

recolha de
JBS

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CANTAR DE BALDÃO

CANTAR DE BALDÃO

recolha de João Briot Sousa


Em volta de uma mesa sentam-se os cantadores, normalmente juntinhos e sobre a mesma dispõem-se os copos e coloca-se o mais. Buscam posições, procuram parceiros, trocam olhares fugidios, disfarçadamente miram a aparência dos concorrentes, tossem, pigarreiam, limpam a garganta, passam sugestivamente a mão pelo pescoço e invariavelmente lamentam-se pela sua fala que hoje para nada presta.


Tenho estado tão constipado ... se calhar até nem canto, é o costume dizerem.Mas cantam sempre, é uma desculpa adiantada para qualquer falho ou para iludir os outros se eles se fiarem nas queixas.Entretanto, todos se aconchegam, ajeitando-se nos lugares para darem largueza ao tocador. E a campaniça começa a retenir a moda da marianita do princípio ao fim. Sempre assim foi e assim será. Tal como o rumo das cantigas, segue obrigatoriamente o percurso inverso ao sentido dos ponteiros do relógio. É um preceito. Uma regra que ficou estabelecida desde o início deste cante para que cada vez que se juntam não tenham de estar a preocupar-se com os pormenores da volta.Mas depois dos primeiros acordes, os olhares fixam-se na boca e os sentidos nos dizeres do cantador que é o mão.


Cresce a tensão, aumenta o desejo, redobra o frenesim e o silêncio do principiante é insuportável. O tocador que já percorreu a moda ponto por ponto então sustem-se, já não abala, pisa as cordas com os dedos esquerdos e desata a repetir a chamada com a unha acrescentada do polegar direito fazendo soltar à viola ganidos de impaciência. Chegados aqui, o cantador já sem saída, ganha fôlego, fecha os olhos, enterra a boina e lá vai.Lançada a primeira cantiga, as demais já se sucedem sem tanto receio, naquele dito rodar às avessas do tempo.Enquanto a vez não chega, matina-se na cantiga seguinte, debica-se no petisco e vazam-se os copos. Pouco se fala para não entreter, para não fazer fugir o tino e a rima.


E aos dizeres dos cantadores os outros respondem no flagrante só com incontidos acenos de cabeça ou piscadelas de olho furtivas.Quando chegar a sua vez logo ripostam se for caso disso e se a habilidade lhes bastar. São regras, são preceitos.O cante depois começa a buscar-se a si próprio, engendra um fundamento, tem de encontrar um rumo. E a poesia fervilha, repentista, cortante, às vezes marota. De tudo se trata, ali tudo se diz, rimando, com uma musicalidade e uma entoação que nos transportam longe.Os cantes são desafios à imaginação, à inspiração e à resistência. Duram horas a fio, sempre sem quebras nem pausas, penetram pelas madrugadas como se o tempo a cantar não contasse.O tocador nada lhes diz, ouve-os, olha-os, de quando em vez deixa escapar um sorriso. Os outros levantam-se nos intervalos da sua vez quando precisam de despejar o bebido, mas o mestre aperta-se, sustem-se, para não quebrar a magia que a viola e o rodopiar das razões geram em volta da mesa.Discutem mil assuntos, acertam contas antigas, mas filosofam invariavelmente acerca da valia da honra, do dinheiro, do ferro, do ouro, do campo e da serra.


Que saber o seu, que arte a deles.Do fundo de tal tempo, guardam a memória de cantares antigos, de génios andantes que de feira em feira ganhavam sustento e acrescentavam a fama.Derivado do despique este cante arreigou-se nas fraldas da serra*, ali se forjou e ali perdura, alimentado pela seiva de gentes ricas em valores tradicionais e senhores plenos da sua identidade.Readquiriu, recentemente, grande fôlego esta expressão vocal e poética tendo os seus intérpretes voltado a sentir brio na sua arte. O baldão furtou-se a uma morte anunciada e ganhou alma, alento, adeptos, ouvintes, apreciadores. Tem, presentemente, tudo o que é necessário para vencer o esquecimento e continuar a cantar-se no sentido inverso ao dos ponteiros que marcam o ritmo dos dias.

José Francisco Colaço Guerreiro

domingo, 17 de julho de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Feliz Dia Internacional da Mulher


O MEU POEMA
Inês Senes

Essa é minha singela homenagem a todas as mulheres que enfrentamos a vida com tanta coragem e docilidade sem jamais perder a fé e a esperança na vida.

Mulher...
Que traz beleza e luz aos dias mais difíceis
Que divide sua alma em duas
Para carregar tamanha sensibilidade e força
Que ganha o mundo com sua coragem
Que traz paixão no olharMulher,
Que luta pelos seus ideais,
Que dá a vida pela sua família
MulherQue ama incondicionalmente
Que se arruma, se perfuma
Que vence o cansaço
Mulher,
Que chora e que ri
Mulher que sonha...
Tantas Mulheres, belezas únicas, vivas,
Cheias de mistérios e encanto!
Mulheres que deveriam ser lembradas,amadas, admiradas todos os dias...
Para você,
Mulher tão especial...

Feliz Dia Internacional da Mulher!

COMENTÁRIO

Uma mulher, melhor uma poetisa que se junta às mulheres em defesa dessa enorme qualidade que é ser mulher.

Voltarei ao assunto.

Por agora, os meus parabéns pela grandiosidade do gesto e pela solidariedade feminina.

Gostei.

João Brito Sousa

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A ARTE




A ARTE
Por João Brito Sousa

A arte, no sentido puro do termo, nunca ninguém definiu, mas poderá dizer-se que é o resultado de um trabalho, onde se evidencia toda a expressão dos sentimentos que quem a produz possui. É verdade que todos nós temos sentimentos, quer dizer, todos nós sentimos, mas não temos igual intensidade pelo que, não nos manifestamos em igual modo e direcção. Para se perceber uma obra de arte é preciso educar o ver. Muitas vezes entramos num Museu e o que é arte para os entendidos, os críticos, os conservadores dos museus, os historiadores, para nós leigos na matéria, o que estamos a ver é outra coisa. A arte uma vez exteriorizada e exposta produz em quem a executou uma sensação de conquista, uma sensação de vitória, que foi o que sentiu Miguel Ângelo ao concluir a estátua da Pietá. Só te falta falar, terá dito.

O artista é um indivíduo que tem atrás de si a preocupação dos males do mundo e tenta intervir, satirizando este ou aquele aspecto menos conseguido. Arte, nasce e morre com a gente, disse António Aleixo. Mas isto não chega, continuamos leigos na mesma. O campo artístico é vasto, está na pintura, está na escultura, está na arquitectura, na poesia e por aí fora. A gente olha ou lê e alguns de nós não entendemos nada. Não há comunicação entre quem percebe e quem não percebe. É preciso dedicação à causa e muita. Há uma barreira entre quem percebe e não percebe. Decidir sobre o que é arte ou avaliar um trabalho artístico são desempenhos diferentes. Mas ambos têm que ter o conceito de arte bem definido.

Se houvesse um modelo de definição para o que é arte e o que não é arte também não resolveria nada. Porque cada um tem a sua sensibilidade própria e não vê mais além e, além disso o gostar evoluiu e é um processo contínuo, que pertence à história da arte. Todavia as opiniões sobre obras de arte são variáveis e isso vem desde longos tempos. A grandiosidade da obras artísticas terão necessariamente encaixadas nas épocas em que foram executadas, tendo em atenção conjunturas passadas e presentes.

O problema que se coloca é, se uma obra agrada ao autor, estamos perante ma obra de arte ou é preciso agradar aos outros também? O quadro “La Gioconda” de Da Vinci, tem diversas interpretações no olhar da retractada, mas nunca ninguém disse que o quadro não é uma obra de arte. Mas aqui, na análise deste quadro, há algo de palpável o que já não acontece com as obras de Picasso, Dali e de outros.

E a poesia de Ruy Belo, Herberto Hélder, Manuel Madeira, António Ramos Rosa, Casimiro de Brito e de outros, é obviamente, éarte.


Será assim ?

jbritosousa@sapo.pt

segunda-feira, 11 de julho de 2011

(José Saramago)
A VIAGEM DE UM HOMEM
(retirado do jornal A AVEZINHA)




“Sempre acabamos por chegar aonde nos esperam.” (in A Viagem do Elefante, José Saramago)



“E o que é que nos espera? A morte, simplesmente. Poderia parecer gratuita, sem sentido, a descrição, que não é exatamente uma descrição, porque é a invenção de uma viagem, mas se a olharmos deste ponto de vista, como uma metáfora, da vida em geral mas em particular da vida humana, creio que o livro funciona.” (José Saramago em entrevista à agência Lusa)


Neste entrevista, José Saramago comenta o seu livro A Viagem do Elefante, “O livro narra uma viagem de um elefante que estava em Lisboa, e que tinha vindo da Índia, um elefante asiático que foi oferecido pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II (seu primo). Isto passa-se tudo no século XVI, em 1550, 1551, 1552. E, portanto, o elefante tem de fazer essa caminhada, desde Lisboa até Viena, e o que o livro conta é isso, é essa viagem”. Na realidade, o livro não aborda nada para além disto mesmo: é uma viagem feita por um elefante que tal como qualquer elefante, não pensa, não tem sentimentos, não é humano nem age como humano; é um elefante puramente elefante. Por isso, o autor considera a história um conto e não um romance, “porque lhe falta o que caracteriza em primeiro lugar um romance: uma história de amor -o elefante não conhece uma elefanta no caminho - e conflitos, crises”.


Tal como podemos imaginar os dados históricos existentes são poucos. Como tal, o prémio Nobel português teve de recorrer à sua imaginação e criatividade para fazer de uma simples viagem de um elefante, um livro que fosse mais além do percurso percorrido por este. “Os dados históricos eram pouquíssimos e o que há tem que ver principalmente já com o que se passou depois da chegada do elefante à Áustria. Daqui de Lisboa até lá, não se sabe o que aconteceu. Sabe-se, ou parte-se do princípio de que foi de Lisboa até Valladolid - onde o arquiduque era, desde há dois ou três anos, regente, em nome do imperador Carlos V (de quem era genro) -, que embarcou no porto da Catalunha para Génova e que tudo o que não foi esta pequena viagem de barco foi, como costumamos dizer, à pata”, esclarece.


José Saramago explica que contou a história “em primeiro lugar, porque me apeteceu, e em segundo lugar, porque, no fundo - se quisermos entendê-la assim, e é assim que a entendo - é uma metáfora da vida humana: este elefante que tem de andar milhares de quilómetros para chegar de Lisboa a Viena, morreu um ano depois da chegada e, além de o terem esfolado, cortaram-lhe as patas dianteiras e com elas fizeram uns recipientes para pôr os guarda-chuvas, as bengalas, essas coisas”. Assume que “Quando uma pessoa se põe a pensar no destino do elefante - que, depois de tudo aquilo, acaba de uma maneira quase humilhante, aquelas patas que o sustentaram durante milhares de quilómetros são transformadas em objetos, ainda por cima de mau gosto - no fundo, é a vida de todos nós. Nós acabamos, morremos, em circunstâncias que são diferentes umas das outras, mas no fundo tudo se resume a isso.”


No documentário José e Pilar assistimos ao processo de criação realizado por um dos maiores génios da literatura portuguesa, presenciamos o nascer d’A Viagem do Elefante. O documentário podia ser somente sobre isso, o lado profundo da criação tendo como protagonista o prémio Nobel português. Todavia, assistimos a uma história de amor; conhecemos um José e uma Pilar, tão reais e verdadeiros quanto um casal comum; duas pessoas que apesar de diferentes têm em comum a força que luta por um mundo melhor. Ao longo do filme torna-se evidente que a união entre genialidade e simplicidade é possível.


Tive o prazer de ir ao lançamento do DVD e banda sonora do documentário José e Pilar. Mesmo já conhecendo o filme, não deixei de o ver como se da primeira vez se tratasse (as grandes obras têm esse lado mágico).


Todos os portugueses deviam proporcionar a si mesmos a oportunidade de conhecer o José para além do Saramago. Sem cores politicas ou ideais religiosos devemos ser capazes de valorizar e de nos orgulhar daqueles que tanto fizeram pela língua portuguesa. José Saramago nasceu e morreu português!


Recolha de

JBS

domingo, 10 de julho de 2011

A POUCA EVOLUÇÃO DO HOMEM

(João Brito Sousa)



A PEQUENA EVOLUÇÃO DO HOMEM
Por João Brito Sousa


Falar da evolução do Homem é, queiramos ou não, um trabalho sempre inacabado. Mas que vale a pena tecer algumas considerações.

O homem está aí e se tem feito coisas excepcionas nos mais diversos campos das artes, das ciências e da investigação, acontece que em muitos quadrantes da Terra, em muitos Países, nomeadamente, esse mesmo Homem parece não ter ainda saído da época da pedra lascada, do aparecimento da roda e do fogo e dos tempos da tanga. Penso eu. Até porque vi isso nalguns países por onde passei e o que vi, traduz-se numa confrangedora falta qualidade de vida. Para não dizer condições precárias de vida. O Dr. Fernando Nobre citou na sua candidatura à Presidência da República, aquela cena da criança querendo retirar do bico da galinha um pouco de pão seco. Isto nos dias de hoje, que nos deixa atónitos. E é aqui que quero chegar. Ou seja, porquê isto ? Afinal, qual é o papel do homem na sociedade, onde é que deve chegar e pode chegar, qual deve ser o seu comportamento perante si e perante os outros.



Hoje, dois milhões e tal de anos passados da sua aparição no planeta Terra, com tantas Universidades para aprender qual o caminho a seguir, o homem ignora tudo e só tem um objectivo: o lucro. Isso mesmo que já dizia o escritor Eça de Queiroz no século passado. E Almeida Garrett deixou esta pergunta no ar: - sabeis vós quantos pobres é preciso sacrificar para se constituir um rico? O homem está aí. Esse mesmo homem que nos trouxe, como prémio da sua brilhante actuação, uma crise económica e financeira, a nós, portugueses, a quem chamam agora um País periférico. Como chamam á Grécia, o País onde começou a civilização e onde hoje se vê nas ruas de Atenas, a antiga capital da cultura, ou, se quisermos, o berço da cultura, onde os filósofos e os poetas sobressaíram, cenas degradantes de falta de cultura. Esta não evolução do homem. eis a questão.



Quer dizer, no País, onde o filósofo Platão escreveu a forma de organização da sociedade, num livro chamado República, os sistemas políticos hoje vigentes, trazem para as ruas a briga entre a autoridade e os residentes. Alguma coisa falhou. O que foi? O homem não responde a isto e deixa-se cair no ridículo de se ofender uns aos outros, na praça pública, numa postura de ofensas e desconsiderações pessoais.


Na época do Neolítico, a primeira fase da existência do Homem, este, para sobreviver, dedicava-se á caça de pequenos animais e quando se prestava para caçar animais de maior porte, teve o bom senso de se juntar a outros homens, porque sozinho, via-se impotente para dominar o adversário. Aqui, revelou grande inteligência ou intuição nesta atitude, que foi, quanto a mim, uma das primeiras formas de solidariedade que o ser humano registou entre si. Hoje, por mais estranho que pareça, o homem é muito pouco solidário, daí o título desta crónica, onde se diz que o homem pouco evoluiu. O que não deve sofrer grande contestação e que, ao mesmo tempo se lamenta. Porquê ? deixo a pergunta.


Foi Descartes, um filósofo francês do século XVII que disse: “Penso, logo existo.” O curioso disto tudo é que o homem gastou dois milhões de anos para chegar a esta conclusão, mas, tal como que disseram outros grandes pensadores, não a colocou em prática, o que não dignifica o seu comportamento perante o próximo. O homem pensa? Em quê? Lamentavelmente nada disso, se nota.


Impressionante, isso.



sexta-feira, 8 de julho de 2011

AS AGENCIAS DE RATING

(Dr. Rogério Barroso)


AGÊNCIAS DE «RATING»
mail recebido de ROGÉRIO BARROSO – Monte Francisco, quinta-feira, 7 de Julho de 2011

O meu compadre Jaquim foi hoje aos Correios (CTT) de Castro Marim para levantar o dinheiro que o Estado português lhe devia e lhe mandou num vale postal. O vale foi emitido em 5 de Julho, e o mê compadre só poude receber a maquia no fim da tarde de hoje. Isto porque, ontem e hoje, a funcionária desta velha empresa do Estado, mais tarde empresa pública, actualmente empresa privada (sociedade anónima), não tinha dinheiro para lhe pagar, muito embora o vale postal deva, por lei, ser pago, no momento da sua apresentação ao balcão dos CTT.


Quando recebeu a dita importância, o mê compadre havia deixado de receber 1,20 euros (juro de compensação à taxa legal de pagamento do Estado português aos seus credores internacionais e quase à taxa legal para as dívidas dos comerciantes em Portugal), a empresa CTT (que vai ser brevemente privatizada de forma completa, ou seja: entregue a uns figurões sócios do Cavaco Silva e amigos e patrões do Pedro Passos Coelho, devendo o Estado pagar por cima, por mor de a empresa estar em muito deficientes condições financeiras e o Estado de Portugal assumir isso como culpa sua por via de ter nomeado os administradores que malbarataram a mesma, e que agora serão confirmados na administração pelos novos Figurões, sócios do Cavaco Silva e patrões do Pedro Passos Coelho, que vão ficar com a empresa e com o dinheiro do Estado português) enriqueceu na mesma medida sem nada ter feito para isso (apenas à custa do seu incumprimento da lei de Portugal e do facto de deter esse dinheiro em seu poder irregular, ilegal e ilegìtimamente, recebendo esse valor do banco respectivo – BES, BCP Millennium, Banif ou CGD – bancos esses detidos e dirigidos pelos banqueiros ladrões que vão ser agora duplamente enriquecidos pelo dinheiro que vão receber das autoridades internacionais da troica de quatro, duplamente porque já o haviam antes recebido do Estado de Portugal, segundo o plano de Sócrates, do PS, do PPD/PSD e do CDS/PP para salvar a economia capitalista portuguesa), e o Estado português, ao aumentar a sua dívida «soberana» com mais essa quantia, perde este valor porque nem CTT nem nenhum banco lhe pagará jamais. Os Parolos aí estão e aí estarão para fazer sacrifícios.


Entretanto, o governo do Estado de Portugal pôs o país a saque. Ao pé destes, não só o Sócrates, mas até o Hitler (tal como outros chefes do capitalismo «democrático», cristão e ocidental, sejam eles ditadores ou «democratas»), são uns verdadeiros santos. Estudem só a forma como o Estado de Portugal, através dos seus administradores, vai proceder à cobrança do imposto especial em que gamam metade do subsídio de Natal aos que trabalham (atenção que não há nenhum imposto especial sobre os que nada fazem e vivem à custa do trabalho dos outros, nomeadamente o patronato gatuno!, nem, tão pouco, vai ser o Estado a cobrar directamente este imposto, a não ser aos pensionistas), ou vejam quem são os alunos das centenas de escolas que essa corja de bandidos (que dirige o Estado) está a encerrar.


Há aí, nomeadamente nos Estados Unidos da América, uns escritórios de malta que passa a vida a dar informações (nos tempos do meu pai, o povo chamava-lhes «bufos»), e chama-se a cada grupo deles uma «agência de rating». Esta tropa fandanga está agora muito na moda e até nas tabernas do Montinho, onde eu moro, já muito se fala e discute sobre tais «gangs». Estas agências (como o seu nome designativo de natureza bem indica, são compostas de agentes, ou gajos que agem) têm como actividade aconselhar gente com muito dinheiro e que se dedica à alta agiotagem internacional, quase nunca por meios legais (mas muitas vezes por meios que os próprios Estados dos países transformam em legais através do abuso legislativo que é apanágio das administrações públicas das nações capitalistas). Devem fornecer-lhe conselhos e informação sobre se os aparelhos de Estado dos países aos quais tais Figurões emprestam dinheiro (o que fica a constituir a chamada «dívida soberana») fazem tenções ou têm capacidade de, em determinados prazos, lhes pagarem essas maquias que eles (investidores ou mercados, assim lhes chamam agora) já gamaram noutros lados, a outros Parolos, e que, agora, «emprestam» (modernamente chama-se «compra da dívida soberana») a esses Estados, através da administração pública de cada qual (representada pelos governos de cada país, que os energúmenos da parolagem local lá colocam, segundo as «eleições democráticas»).


Vai daí, caiu hoje o Carmo e a Trindade, porque uma dessas agências terá informado pùblicamente que a «dívida soberana» do governo do Estado de Portugal é merda (a tradução exacta da palavra inglesa empregue não é «lixo»). E veio meio mundo do «arco do governo» e da «zona do poder» clamar contra tal desaforo, usando os mesmos métodos de Santo António a falar com os peixes, ou do Judas a cagar no deserto, ou do António Silva a falar com o Pinóquio no «Páteo das cantigas». O Pedro Passos Coelho levou um murro no estômago, o Cavaco Silva disse que a oportunidade da agência não era esta, e os comentadores da comunicação social do regime (secundados veneradoramente pelos locutores da mesma) de tudo disseram já, para não terem de dizer o quanto estão desesperados perante esta implosão do capitalismo, que começou com a bolha americana e seus factos consequentes, veio a correr para a Grécia, está agora a atingir a Irlanda e Portugal, e já ameaça directa e concretamente a Itália, a Inglaterra e a Espanha. E estamos só no começo das consequências internacionais de tal implosão!

«O início do esplendor da monarquia de Inglaterra não pode ser separado de algo fundamental da História dos tempos modernos: o processo de secularização que atingiu o seu ponto culminante quando, na transição do final do século XVIII para o início do século XIX, o Antigo regime ruiu e os bens da Igreja foram confiscados. A importância deste processo de secularização do desenvolvimento histórico do Ocidente foi realçado e sublinhado por numerosos Autores (…). Ora, no caso específico inglês, torna-se praticamente impossível conhecer nos seus contornos o expansionismo e o imperialismo britânicos ao longo dos séculos, sem antes compreender a repercussão do fenómeno da secularização provocado pela Reforma em Inglaterra.
Na abordagem de uma questão crucial como esta, um Autor tão importante como Laski chegou mesmo a afirmar, referindo-se justamente ao caso específico inglês, que “aquilo que o Estado fez em prol do liberalismo no século XVI é diferente daquilo que em épocas posteriores se lhe exigiu que conseguisse… Sem dúvida podemos dizer que aquilo que o século XVI trouxe consigo foi a destruição da autoridade eclesiástica na esfera económica. Isto permitiu que as relações comerciais se desenvolvessem sem qualquer incómodo de considerações teológicas.”. Foram múltiplos os Autores, de entre os quais Troeltsch e Max Weber, que estudaram o fenómeno das relações entre o protestantismo e o desenvolvimento capitalista, enquanto outros, como Von Martin, Fabvre ou Laski se detiveram privilegiadamente – como fizeram posteriormente os Autores positivistas e marxistas – na profunda repercussão política e social das medidas simultaneamente económicas e religiosas. Com efeito, a destruição da autoridade da Igreja permitiu – com especial incidência em Inglaterra – o surgimento e a consolidação de um Estado de carácter cada vez mais secular, o qual procurou e conseguiu determinar, como uma das suas missões básicas, o desenvolvimento de uma nova ideia – que poderá ser fàcilmente considerada como ideia liberal – e que acabou por substituir o papel eclesiástico na tarefa de configurar a realidade de um novo guardião do bem-estar social. O novo Estado monárquico inglês, no intuito de ajudar a fomentar o seu prestígio, ocupou-se da construção da sua própria moral sòcio-política e económica, fazendo-a assentar no princípio da “utilidade”(…)


Todo este processo, como será fácil de imaginar, teria repercussões importantíssimas em todos os âmbitos da vida social e cultural, implicando uma mudança transversal que decorria do facto de o Estado não perseguir, como fim, a realização por parte dos cidadãos de uma vida boa e santa, mas sim a criação de condições que propiciassem a existência de fontes de riqueza, através de meios legislativos favoráveis ao desenvolvimento de bons negócios». [in ANTONI JUTGLAR, professor da Universidade de Barcelona].

As agências de «rating» têm razão: a «dívida soberana» do Estado de Portugal é merda, é lixo!
E esses «bufos» avisam, dentro das suas obrigações perante quem lhes paga para tal, que quem tem dinheiro não o deve emprestar ao governo do Estado de Portugal, porque esta seita de caloteiros (a quem eu chamo igualmente «filhos de puta», «gatunos», «incompetentes», etc.) nunca mais lhes paga. Segundo as notícias do regime, o presidente do Banco Central Europeu diz que não vai ligar ao que dizem os «agentes rating», porque já «aceitou» a «dívida soberana» como garantia para os chamados «empréstimos» que a troica de quatro veio negociar com o PS, com o PPD/PSD e com o CDS/PP há dois meses, por cuja causa esta malta do poder anda agora a pôr o país a saque da gatunagem, seus amigos e patrões.

Querem que eu diga isto de outra forma?



recolha de

JBS

quinta-feira, 7 de julho de 2011

DIVAGANDO

(João Brito Sousa)



DIVAGANDO …
Por João Brito Sousa

Apetece-me ir por aí. Já estou na estrada e não tenho destino. Não sei para onde vou, mas sei que não vou por aí, como disse Régio no seu Cântico Negro. Tenho vontade de escrever e cá estou. Sem rede. São quase 17 horas e começo a sentir aquela sensação de perda de qualquer coisa, de que fala Saramago. Será a velhice a chegar?... pergunta ele. E eu também. A minha vida é a escrita. Já tenho obras publicadas. Mas publicar um livro e colocá-lo numa livraria é para se gastar uma fortuna e o livro depois, vai para uma estante e lá fica entalado entre mais de cem mil livros. Ninguém sabe que o meu livro está ali; só eu sei. E às vezes vou lá vê-lo e o desgraçado ainda lá está sem que ninguém saiba disso; apenas eu sei.





Deixemos os livros, pode o assunto não interessar e neste caminhar sem destino vamos parar aonde ?





Divagar… talvez sobre a vida, em geral. A vida sempre me fascinou. Pelo grande desafio que encerra, pelo mistério em que se envolve e nos envolve. A vida o que é ? É o silêncio das tardes, são as manhãs frescas é o marulhar das ondas, é o tudo e é o nada. É o poema Liberdade de Paul Eluard, é o cesto de pastéis e o assobiar de Gravoche a olhar a Bastilha a arder, é o amar perdidamente de Florbela Espanca, é a minha filha Alexandra, maníaco depressiva ou bipolar, que sofre e por arrasto, eu também. É o filme Zorba com Anthony Quinn, é o Há Lodo no Cais com Marlon Brando, é o Leão da Estrela com António Silva, é Amália a cantar o fado, que tanto gosto de ouvir. Silêncio que se vai cantar o fado. Há festa na Mouraria, almas rudes povo crente, hoje é dia da procissão, da Senhora da Saúde, e até a Rosa Maria, parece que tem virtude.





O silêncio é a própria vida e é a minha maior tentação. Refugio-me nele e adormeço, por vezes. Mas não há silêncio porque ainda há palavras, que mesmo gastas, gastam-nos. E mentem e ferem. As palavras, essas ferramentas que são património dos escritores, que, se deitam com elas, dormem com elas e acordam com elas.





E depois há as flores do jardim e da vida que nós amamos e nos amam. Ou nem sempre isso acontece, porque o amor nem sempre desempenha o seu papel. Não agarra como devia. Amei e julgava que me amariam, mas não fui amado, porque não tinha de ser, diz Pessoa. Mas uma crónica como esta, ou que seja melhor ou pior, não pode dissociar-se do amor. Com entrega plena. E realização total.





Falar de quê mais? Do homem, que tem evoluído tão pouco e que tem mostrado tanta ignorância, tanta falta de honradez, tanta falta do cumprimento dos princípios éticos. E eu o que sou no meio disto tudo ? Talvez um palerma, um louco, sei lá que mais. E assim vivo e assim estou neste palco onde todos representamos A vida é uma comédia. Ou talvez não. Resta-me os amigos que tive. Já não os tenho. Tenho saudades do futuro disse Teixeira de Pascoaes. E Juan Manuel Serratt disse, esta noche pago yo, e Manuel Alegre escreveu Cão Como Nós e as agências de rating chegaram e desclassificaram-nos. Só me apetece morrer disse, Herculano.





Cheguei ao fim desta crónica a dizer disparates. Terá sido ? Deixo-vos com Sophia,

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição/ Onde tudo nos quebra e emudece/ Onde tudo nos mente e nos separa/ Que nenhuma estrela queime o teu perfil/Que nenhum deus se lembre do teu nome/Que nem o vento passe onde tu passas/ Para ti eu criarei um dia puro/Livre como o vento e repetido/ Como o florir das ondas ordenadas.





Sophia de Mello Breyner Andresen

JBS

quarta-feira, 6 de julho de 2011

POETAS E TROVADORES


POETAS E TROVADORES
Por João Brito Sousa

Somos um País de poetas. Na verdade, em cada terra de Portugal, há sempre alguém com inclinação para a poesia. E, quando fazemos “alguma coisa com jeito” como disse António Aleixo, até nos julgamos poetas. Mas poetas são pessoas de sensibilidade enorme, pessoas com uma visão profunda da vida, com um talento apurado para dizer coisas que nos sabe bem ouvir, derivado da musicalidade da mensagem, da espontaneidade do pensamento expresso, da beleza que esse conteúdo contem e encerra, pela seriedade que encanta. Poeta é esse ser sublime, que pensa nos outros e se esquece de si.

A poesia, o resultado do trabalho do poeta, é uma descrição de um assunto de interesse local ou nacional, sujeito a regras. Tem princípios e encerra valores. São poucos os bons poetas, mas os que o são, orgulham-se disso. Mas é um assunto trabalhoso. Mas procurando, talvez se encontre o caminho, que vem dos clássicos gregos. Homero, Píndaro e Esquilo, foram grandes homens da poesia.


Os trovadores são os poetas da idade média.

João Brito Sousa

domingo, 3 de julho de 2011

A GRÉCIA



A GRÉCIA

Por Batista Bastos.




A Grécia parece ter peçonha. Nas reuniões internacionais, Papandreou é objecto de todas as recuadas atenções e de todos os silenciosos desfavores. Os países “periféricos”, nos quais se inclui Portugal, nada querem a ter com a Grécia, uma desgraça que dá azar. A simples menção do nome do país faz estremecer de horror os dirigentes da Europa “pobre.” A Grécia é-lhes desprezível. Temem o “contágio”, e afirmam, com fogosidade, nada ter a ver com “aquilo”. Se a Europa económica e política está a desfazer-se, a Europa moral (o que quer que a expressão signifique) só não cai em estilhaços – porque não existe.


Entre dentes ou, até mesmo, com clareza impúdica, políticos de países “menores” não querem paralelismos comparativos com os gregos. Os gregos são a desonra da Europa. Basta observar como o primeiro-ministro daquele país é olhado (de viés) e tratado (como um subalterno) para se entender o carácter separatista e discricionário da União. A Europa germânicamente “imperial”, tão bravamente desejada e imposta por Angela Merkel, faz o seu caminho, com exclusões e inclusões das mais absurdas. A fragilidade desta pseudoconstrução, na qual se pretendia criar uma nova identidade política e económica, com base num igualitarismo de poderes e de decisões, é uma evidência – e um colossal embuste.


A Grécia, por todos os motivos que a definem e nos definem, é uma instituição cultural e uma entidade política e estética que não deve ser submetida a estas desconsiderações, enraizadas num capitalismo tão predador quanto ignorante. Diz quem não sabe: a Alemanha e os países mais ricos não podem pagar pelos erros e desmandos dos dirigentes gregos. É verdade. Porém, as causas das coisas não são tão simples. E a aplicação, à Grécia, de juros superiores a mais 20% pode sugerir–nos que há teias insidiosas, cuja invisibilidade não é assim tão obscura. A quem e a que países interessa o desmantelamento do projecto europeu, e à acentuação de uma complexidade que nos inculca um desequilíbrio insustentável?


A ideia segundo a qual a Grécia criará um efeito de dominó imparável tem adeptos poderosos. E, nos meios de comunicação, há jornalistas e comentadores estipendiados para defender essas bandeiras. As quais são as bandeiras dos poderes ocultos que ambicionam o domínio sobre os Estados e a subversão da própria democracia.


A desobediência civil, manifestada em múltiplas e diversas acções dos gregos, poderá não ser, ainda, uma sintaxe revolucionária. Poderá. No entanto, um pouco por toda a parte, as pessoas começam a fartar-se das iniquidades e violências de um sistema que encaminha as nações para o caos. Preservar a liberdade num mundo cada vez mais cercado e caracterizado pela barbárie é um imperativo moral e uma imposição de consciência.



recolha de

JBS

sexta-feira, 1 de julho de 2011

OPINIÃO



A INCOMPETÊNCIA DOS HOMENS
Por João Brito Sousa

Nas relações amorosas, penso que o homem perde por não saber lidar com o assunto. Daí o título desta crónica. A minha geração ouviu falar disso nas aulas de Higiene no 4º ano, mas muito ao de leve. A mãe não nos ensinou nada e o pai muito menos. Talvez por vergonha e também porque deveriam saber muito pouco sobre a matéria. Creio que as mulheres estiveram sempre melhor preparadas. Raul Brandão, escritor português, até disse: ”foi ela que me ensinou o amor” creio que no Húmus.

O relacionamento entre sexos opostos provoca uma situação de bem estar em ambos, mas de intensidade diferente. A base do sucesso está na força do amor que nutrem um pelo outro. Sem amor não há relacionamento; há outra coisa qualquer. O amor, em meu entender, é feminino, i.é., no relacionamento deve existir um tratamento aveludado de um para o outro, com palavras doces envolventes, que façam subir a adrenalina dos corpos. É uma atitude feminina, chamo-lhe eu. É quando as emoções se soltam, mas, controladamente, no sentido de um e outro tirarem partido desses, digamos, doces momentos.

E é aqui que normalmente o homem falha, talvez por precipitação.. E há situações de difícil controle, nalguns casos. Porque o homem conduziu mal o processo e o que devia ser um acto de plena alegria e contentamento torna-se num acto doloroso.. Contaram-me que uma jovem de catorze anos, há sessenta anos, no dia do casamento abandonou o leito e foi juntar-se à mãe. Sentiu medo. Ora, isto também é outra prova de incompetência do homem. Ou talvez impreparação.

O homem (e a mulher, claro) vieram ao mundo com o propósito da procriação e este aspecto é fruto de uma relação entre os dois, pela via dos sentimentos que sentem entre si, sendo o mais nobre de todos esse que apelidamos de amor. Mas o amor, para ser conseguido exige dos que se amam outras componentes auxiliares como a ternura que aproxima, o carinho que seduz e a amizade que consolida.

Ama-se porque sentimos dentro de nós um chamamento para esse desempenho que deve ser de entrega total. Até ao fim, quando chegar a hora. É um acto que exige um sorriso em cada um. Acho eu. Quando falamos de amor, geralmente queremos dizer, fazer amor, que não é mais do que o resultado de uma necessidade fisiológica, que resulta do desejo que nos é provocado espontaneamente. Com crises à mistura que devem ser entendidas como situações normais porque depressa a situação normaliza.

Mas a prática do amor exige estudo, o que não se faz. Começa-se, nessa prática sem saber nada de nada, na Maria Machadão e seguimos o nosso rumo, sempre mal preparados em tal matéria. Penso até que alguns insucessos provocam no outro, na mulher, nomeadamente, algum desinteresse que poderá chegar a uma situação de convivência zero com a relação.
Não se pode chamar a estas mulheres, mulheres frias.

Porque é um resultado da incompetência dos homens.

Acho eu e mais alguém.

jbritosousa@sapo.pt

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ENTREVISTA A AMADEU BAPTISTA





CE – A escrita de Amadeu Baptista é sobretudo no âmbito da poesia…
AB – Sim, eu só escrevo poesia.
CE – Poder-nos-á descrever um pouco a poesia de Amadeu Baptista?
AB – Sou indisciplinador de mim próprio. Todos os dias me obrigo a ver as coisas de maneira diferente, numa tentativa de estar sempre “do contra” para tirar o maior partido de cada coisa.
CE – Para romper com a norma e tentar enxergar a realidade por um prisma diferente?
AB – Para ver o contraditório. As coisas são sempre aquilo que são e o que não são.
CE – Vê , então as realidades de uma forma dual?
AB – Ou mais…Quanto mais faces tiver o cubo, maior a sua sétima face.
CE – E será, portanto, mais rica a síntese final?
AB – É isso.
CE – E a próxima publicação?
AB – Nunca programo muito o que vou fazer a seguir. Mas estou muito envolvido num projecto a que me propus. É um projecto muito vasto, ligado à área das artes, à pintura, à escultura mais quinhentos poemas como baliza final.
CE – Consegue fazer uma síntese da evolução da sua poesia?
AB – Está nos Antecedentes Criminais! É uma antologia da minha poesia desde 1982 até 2007…São 25 anos de actividade literária…
Em relação à sua pergunta, todas as pessoas evoluem não só porque as coordenadas se alteram, a procura também, mas sobretudo devido a um intenso e persistente trabalho…
Quanto à temática, é aquela que, classicamente, atribuímos à poesia: o amor e a morte, Eros e Tánatos, o sexo e a libido…A Vida, em suma. Ou, em sumo…
CE – Uma frase que defina a sua poesia?
AB – Não tenho uma definição. Quando tiver deixarei de escrever. E, agora, vou entrevistá-la a si…já escreveu alguma coisa?
CE – (risos) Nada que valha a pena publicar…Só lamechices que já foram para o lixo!
AB- O segredo é o distanciamento, acompanhado do conhecimento. Não é preciso estar perto das coisas para o dizer o que é ou como são, mas apenas suficientemente próximo para depois ter o conhecimento. É necessária a acutilância e um pouco de sobranceria…
CE – E vai publicar algo em breve?
AB – Neste momento, tenho, talvez, quatro livros a serem publicados até ao final de Maio. Mas o que me interessa não é a publicação. É escrever o livro seguinte. Isso é que é preocupante.
CE – E quais são os títulos?
AB – Bom, são O Bosque Cintilante que ganhou o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, Outros Domínios, que ganhou o Prémio Literário Florbela Espanca; Poemas de Caravaggio, Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire e Sobre as Imagens que ganhou o Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2008. Tudo isto num espaço de seis meses…



Recolhida de CE por





JBS

quinta-feira, 9 de junho de 2011

CRÓNICA




ANTÓNIO LOBO ANTUNES


O mundo como vontade e representação


Hoje almocei com as minhas três filhas e, de súbito, um arrepio de pavor por elas. Ontem jantei com os meus irmãos e, de súbito, um arrepio de pavor por eles. Há tanta coisa que prefiro não saber. Um bêbado a cantar lá fora. Porque é que o vinho não fica bêbado dentro da garrafa, perguntava não sei quem


Contra quem gritam os pavões? No Castelo de São Jorge gritavam contra a noite, no Campo de Santana gritavam contra a noite, em casa do meu avô gritavam contra a noite, e não eram gritos de pássaros, eram gritos de pessoas feridas na alma, cujo medo protestava ainda. Contra quem gritam os corvos no leste da Europa, contra quem gritam as gaivotas de Portugal? E os albatrozes? E as andorinhas-do-mar? Contra quem gritam, em silêncio, os móveis e os meninos de África correndo na picada? Contra a noite também, contra o absurdo violento da noite. As catatuas gritam contra si mesmas. Eu grito contra a minha alma pecadora. Por que razão me comove um bebé a chorar? Devo ter vertido muitas lágrimas, ainda verto algumas, invisíveis. Talvez nem eu dê por elas, às vezes. Talvez não queira dar por elas mas outro dia, ao olhar um homem que conheço, senti-as descerem-me sob a pele:


- O que se passa consigo?


e um trejeito da boca


- Não estou bem


um trejeito do corpo calado


- Não estou bem


e não posso tocar-lhe para que não se aperceba da minha tristeza. Um soldado a quem uma anti-pessoal levou a perna:


- Não contem ao meu pai


e não conto ao teu pai, descansa, fica entre nós. Em lugar da perna um coto que não pára de sangrar. Contra quem grita o coto? Contra quem grita outro soldado, de joelhos ao pé dele?


- Matámos as galinhas todas


diziam os catangueses pelo rádio, matámos as galinhas todas. Galinhas significavam galinhas e mulheres. Alferes José Luís Henriques, valente como as armas, José Luís Cristóvão Henriques, tu contavas isto a gritar. Como os pavões, os corvos, as gaivotas e as andorinhas-do-mar. Contra quem grita o mar? Dá-me todas as lágrimas do mar, pedia o chileno, irmãzinha dá-me todas as lágrimas do mar. As do Zé Francisco na morte da filha. As dos camponeses da Beira na morte de um bezerro. Contra quem grita o porco que todos os anos matavam no pátio do avô, com um alguidar por baixo? As pestanas transparentes sem descanso, as patas amarradas que se torciam, torciam. Amarram-se as patas de trás, amarram-se as patas da frente e a faca a rasgar o pescoço. O Marciano para mim


- Não espreite menino


ele que acabava os passarinhos estrangulando-os com dois dedos, primeiro agitados, depois quietos. Contra quem não gritam os passarinhos, Marciano? O seu quarto cheirava a tabaco frio, a comida fria, a demasiada gente sendo ele um só. Foi-se embora, perdi-o. O que não perdi eu, pessoas, casas, amigos? Zé, Ernesto, Eugénio, Acácio. Eugénio de Andrade de manta nos joelhos no seu sofá de Serrúbia, vinho fino e bolinhos. Poesia, poesia, como és simples e tu vens, como nasces da harmonia das formas que nunca tens: foi outro quem disse isto, chorando contra quem? Eu com o Zé no aeroporto e o Ernesto a partir de avião para a América, em busca de uma cura que ele sabia impossível. Arrastava-se do sofá à mesa de jantar, sem uma queixa. Quase não conversávamos. Para quê? E arranjava maneira de sorrir de vez em quando. Fizeram-te uma homenagem anos depois, estive lá. Até disse coisas de ti a um microfone. Hoje almocei com as minhas três filhas e, de súbito, um arrepio de pavor por elas. Ontem jantei com os meus irmãos, e, de súbito, um arrepio de pavor por eles. Há tanta coisa que prefiro não saber. Um bêbado a cantar lá fora. Porque é que o vinho não fica bêbado dentro da garrafa, perguntava não sei quem. E a lembrança dos pavões de novo, dos gritos no Castelo. Os pobres comeram os pavões e os cisnes do Campo de Santana. No escuro, no meio dos passadores de droga e dos rapazes do esticão. O que me tentou assaltar no Jardim D. Pedro V, a fitar-me de banda, ao longe, e eu a fazer-me parvo até que começou a vir e agora, de repente, as mulheres de aluguer que traziam um tijolo dos grandes na carteira: uma volta com a pega e o tijolo, contra as partes, a dobrar o esperto em dois. Nem necessitavam de correr, elas, afastavam-se devagarinho depois, imperiais. Mostravam-me o tijolo


- Dou-lhes com isto


ou antes


- Dou-lhes com isto e trigo limpo, farinha Amparo


de maneira que fui aprendendo os truques com os anos. Aposto que o rapaz do esticão demorou tempo a esquecer-me. Encontrei-o outra vez no mesmo Jardim D. Pedro V, à caça. Passou-me o olho e ganhou lume no cu.


- Não espreite, menino


pedia o Marciano


- Não espreite


eu, em tantas alturas, um porco a sangrar, um porco não muito grande, não muito gordo, a sangrar:


- Não contem ao meu pai


e, se quiserem contar, agora nem no cemitério o acham. Onde pára o seu silêncio, senhor? A mão dele a explicar


- Bem vês


que era um dos seus começos de discurso favoritos. Bem vejo o quê, senhor? Nem nuvens, é tarde, os pavões dormem no Castelo. Corvos de São Vicente a pintarem tudo de negro, andorinhas-do-mar rente à espuma. Sento-me na praia em que luzes de barcos de pesca, distantes, fixas. Como uma aldeia alentejana muito no fim da estrada, como Beja depois do crepúsculo. Ó Beja, terrível Beja, terra da minha desgraça. E, enquanto isto, os meninos de África continuam a correr na picada. Jamais vi alguém a brincar tão a sério. Olhos profundos, graves. Reflectindo o quê? Por favor metam aqui um final feliz.


Retirado da VISÃO, por



JBS

terça-feira, 7 de junho de 2011

POESIA DE AMADEU BAPTSTA



FRIDA KAHLO E OS DESENHOS DO MUNDO

Creio que a adolescência tocou o teu rosto
para fazer crescer a perturbação ainda hoje visível no olhar, o modo surpreendente
como os cabelos deslizam para a brancura
são a prova inequívoca do enigma, o vaticínio marca-te no rosto um pouco dessa tristeza avassaladora e ténue de quem atravessa
uma cidade para se perder no instante
de uma fonte, mão que toca a cor imponderável
das coisas para extrair do passado
uma medida de ferro, um fio de oiro,
um pássaro azul. Vejo-te passar nesse navio longínquo que há-de um dia pertencer ao vento, decifro o reflexo de um brilho que te sobe
para os ombros como o frágil ramo
de uma árvore vivaz e suavemente flutua
sobre a transparência para identificar o anjo
que te precede, um pouco após o sinal redutor da inocência e a infinita doçura de quem foi perseguido e arrancou das entranhas
subtílimos silêncios para resistir ao assédio
das pedras, os poderes aniquiladores, o rumo das coisas quando a tempestade triunfou
sobre a tempestade e a memória entregou
o resgate de não haver resgate.
Deste lugar te avisto e avisto o mar,
esta passagem conduz ao indizível encontro com as estrelas, sol e noite, os mínimos percalços que a natureza desoculta das sombras e faz explodir em fragmentos translúcidos
onde se inscreve a mensagem,
uma última notícia do paraíso perdido
em que um traço de luz corresponde
ao augúrio da brisa, a voz secreta que nos une
e separa, a palavra onde o deslumbramento
é um labirinto que pela alucinação
percorremos no incontornável fulgor
de um momento perpétuo.

O autor - Nasceu no Porto (1953) e vive em Lisboa. Escreveu, entre outros, “Passagens secretas”, “Arte do regresso”, “O claro interior”. Traduzido em francês, inglês, italiano, hebraico, romeno, espanhol e holandês.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CRÓNICA



E O POVO PÁ !...
Por João Brito Sousa

A frase em título tem força e musicalmente tem a sua própria melodia e a sua própria docilidade. Vejo nela um, talvez, estado de alerta, uma pergunta bem colocada e uma resposta que ainda não foi dada. Mas que tem de ser dada. É uma expressão popular mas de grande alcance e significado. Porque representa quem está no último degrau da hierarquia social. O povo, diz a canção do Zeca Afonso, é quem mais ordena, mas isto numa perspectiva de poder ser assim, porquanto o povo é expresso em maior número de pessoas. E poderão eventualmente ter força.

O que se duvida porque é preciso organização, determinação e vontade, disponibilização e empenho e sobretudo competência e cultura. O que é muita coisa. O povo, apesar de tudo, tem evoluído muito no aspecto cultural, penso eu. Todavia é a classe social que enfrenta mais dificuldades perante as exigências da vida. Daí o título. Uma pequena parte dessa classe operária, a que estava razoavelmente organizada, pouco numerosa sim, ajudaram a construir a República, embora não tenham obtido aquilo que ansiavam. Juntamente a esta classe operária, situavam-se os pequenos funcionários públicos, os empregados do comércio e dos transportes. Isto é o povo.


Em 1910, havia em comum, nestas classes sociais o analfabetismo e por via disso a ausência de noção de classe . Nos campos as populações viviam situações de sérias dificuldades o que os levou a revoltar-se esporadicamente contra a exploração que lhes era movida pelas cidades.
A situação hoje não é muito diferente e essas pessoas que citei, continuam com problemas. E daí a pergunta dirigida às entidades responsáveis. E o povo, pá! …


Quando a Republica foi implementado, a sociedade portuguesa estava dominada pela alta burguesia, constituída pelos grandes banqueiros, comerciantes e industriais, que partilhavam o poder politico com a velha aristocracia proprietária da terra. O povo constitui, por norma, a classe social mais desprotegida, pelo que coloquei essas palavras em título. Era bom que as pessoas se consciencializassem que os valores da fraternidade, da solidariedade do respeito pelo próximo e outros conhecidos, são os pilares de uma sociedade mais justa. Existem duas verdades que nunca podem ser separadas neste mundo: 1ª que a soberania reside no povo; 2ª que o povo nunca deve exercê-la. Nesta frase de Antoine Rivarol está perfeitamente identificado o que vale o povo e o que não vale. A força do povo, o seu potencial, o que o povo pode fazer nunca deverá ser esquecido, dai o título, mais uma vez o refiro, desta crónica. Porque no fundo, o povo, é uma classe social conservadora, onde ele próprio não é muito ligado a mudanças.


O povo tem um historial grandioso.


É o que eu penso.

jbritosousa@sapo.pt

domingo, 22 de maio de 2011

VASCO DA GAMA



ATÉ À ÍNDIA

Por Dulce Rodrigues




Com uma frota composta por quatro navios - as naus S. Gabriel, S. Rafael, Bérrio e uma caravela de mantimentos - Vasco da Gama chega a Calecut, uma das grandes cidades comerciais da Índia. Esta extraordinária aventura marítima portuguesa vinha confirmar a comunicação directa entre os oceanos Atlântico e Índico e punha um ponto final na antiga ideia de que este último oceano era um mar interior.



As repercussões desta descoberta contribuiram de um modo significativo para a combinação prática dos conhecimentos técnicos e científicos, que deram origem à construção de novos instrumentos e armas e no desenvolvimento de novos métodos científicos de observação astronómica. As viagens marítimas dos Portugueses propiciaram a circulação do conhecimento das técnicas de navegação, algumas das quais já eram do seu conhecimento muito antes da expansão marítima. Portugal abriu o caminho a um conjunto de objectivos humanos como o desenvolvimento de novas terras e mercados, uma maior compreensão de outros povos e culturas, e o despertar da curiosidade pela diversidade botânica e zoológica de um mundo até ali desconhecido dos Europeus



Retirado de


quinta-feira, 19 de maio de 2011

VACANCES



VILLE DE SAINT LAURENT

Por João Brito Sousa

SAINT LAURENT, o local em França onde estou instalado em casa de familiares, fica na periferia de Perpingham e é uma área de vivendas, construída pelos franceses com mais de sessenta e cinco anos. Trabalharam em vários pontos do país, amealharam os seus cobres e, para a parte final da vida, adquiriram já feita ou mandaram construir aqui, a sua vivenda.
Vi uma vez um filme, onde a personagem principal, que fazia o papel de um polícia americano, tinha a mesma forma de pensar que estes franceses e vivia obcecado com o problema da reforma, que, pensava o nosso polícia, lhe daria a liberdade de escolher de fazer ou não fazer coisas Concordo.

De uma maneira geral, penso que será assim em todo o mundo, havendo um certo receio na parte final da nossa estadia por cá e então, cada um trata de enfrentar à sua maneira esse problema da terceira idade. Os franceses que vejo por aqui e estão nessa situação, vão de bicicleta à padaria ou “BOLANGERIE” comprar o pão, melhor, as baguettes, o que é um bom exercício físico para a malta dos sessenta e cinco para cima.


É interessante reparar na protecção dada a quem por aqui anda de bicicleta, pois, juntamente com os que andam a pé, têm corredores próprios para tal desempenho, sendo assim protegidos dos automóveis e camiões. E há placas em certas ruas a dizer isso mesmo “dê prioridade aos ciclistas”

A França continua a ser um grande país, mas nada que se pareça com a França dos anos cinquenta, sessenta ou mesmo setenta do século passado, em termos de emprego e oportunidades de trabalho. Pelo menos é o que dizem os emigrantes portugueses que estão cá desde esses tempos. E esses portugueses são uma autoridade na matéria porque deixam obra feita aqui, sendo alguns até proprietários agrícolas de razoável dimensão.


Mas há qualquer coisa de estranho, pelo menos para mim, nesta França de hoje. Perguntei numa loja onde se vendem jornais, onde se encontrava a Biblioteca e não me soubera-m dizer, coisa que mais tarde vim a descobrir e ficava na rua de trás. Admito todavia que me tenha expressado mal mas fiquei surpreendido. Outra coisa é haver aqui tão poucas casas onde pudéssemos aceder á internet. Encontrei apenas uma, com um preço hora de utilização bem alto e que às segundas feiras só abre às 15 horas. Mas acabei por ter sorte, porque falei nisso à senhora do café que frequento, um estabelecimento que pertenceu ao senhor Daniel, que, curiosamente, viveu aqui em frente da casa onde habito, tendo depois vendido a vivenda a um holandês, partindo não sei para onde, o que contraria a tese inicial, essa de que os franceses vinham para aqui aos sessenta e cinco.


O Daniel saiu, e, dizia eu ter tido sorte, porque no referido café, a senhora me dizer que o estabelecimento estava apetrechado com tal serviço internet e que o poderia utilizar quando quisesse. E assim foi. Utilizei o serviço e deu certo. De tal modo eficiente que vou para lá agora E quero deixar um obrigado à madame do café


Sábado vou-me embora mas espero voltar, porque as paisagens periféricas são fantásticas. Quero aprender rapidamente o caminho para Coulliure. Aqui já é a França da cultura que eu pretendo frequentar, a dos pintores e artistas. Afinal a França sempre é a grande França.


jbritosousa@sapo.pt

terça-feira, 17 de maio de 2011

CRÓNICA





AS FRIAS MADRUGADAS

Por João Brito Sousa



nota - este texto é para o meu amigo Diogo Tarreta, que diz gostar do que eu escrevo. e eu agradeço.

O título é do Fernando Namora, o escritor médico já falecido. Estive a ler alguns poemas seus, com aquela dose de pessimismo q.b. e, entretanto, lembrei-me do meu aluno da primária, o Luís Matos, que era um craque na aritmética e tinha um raciocínio apurado, lógico e seguro. Nas outras disciplinas também era bom, mas na aritmética, upa…upa.


Mas o Luís, possuía uma particularidade interessante, ou talvez não: - não jogava à bola com os outros colegas. Nem lá aparecia por perto. E aquilo dava-me que pensar, porque razão o Luís não gostava de jogar à bola se a miudagem toda gostava!


A lógica da vida não será tão linear assim. Às vezes, as situações não encaixam na nossa maneira de ver as coisas. Cada um de nós tem o seu destino. Ou o seu fado, como quiserem. E além disso, há a esperança, que se traduz num pedido de empréstimo de qualquer coisa à felicidade. A felicidade, esse estádio que está difícil de atingir, porque a humanidade está de costas voltadas para ela. A vida de hoje é briga. Briga-se por uma oportunidade de emprego que nos surge, briga-se por um lugar na fila, briga-se na estrada e por aí fora. E não vejo hipótese de as coisas mudarem. Os exemplos que vêm de cima são péssimos. E, estou convencido que são para continuar.

A imprensa tem falado em desvios de fundos, por pessoas que até tinham conseguido algum prestígio, que se veio saber agora, foi conseguido à custa de atitudes menos próprias, que violam princípios, que não respeitam as normas estatuídas.


Encontrei o Pai do Luís por estes dias e fiquei a saber que uma dose forte o tinha levado. Pensei: o Luís tinha qualquer coisa, tinha esse pressentimento. Um rapaz com um raciocínio tão certinho e colocou-o ao serviço da causa errada. Os fraudulentos que a Imprensa fala hoje, são possuidores de bons indicadores intelectuais e não atinaram com o caminho certo; só burrada.


São as frias madrugadas da vida.


Mas a sociedade terá de mudar, com o esforço de cada um dos seus elementos, tentando perceber o que está errado e o que está certo. E aí entram os escritores, os professores e todos aqueles que deram provas de querer participar. E estão disponíveis para contribuir para um mundo melhor. Mas devemos ser humildes, uns e outros. A vida de hoje deixa-se ir na onda da arrogância e da maledicência. Erasmo de Roterdão já alertou para isso há quinhentos anos e entre nós, Almeida Garrett fez esta pergunta: quantos pobres é preciso sacrificar para se obter um rico.?


Esta resposta tem de ser dada.


A vida continua, sim, mas com a cara meio embaciada e de cabeça curvada. Mas que diabo, será difícil ver onde está esse lado negro que nos faz sofrer e envergonhar? Sim, porque a humanidade sofre, pelo que faz e pelo que os outros fazem E tem de saber as causa. Mas, enquanto aquela história, contada por Agostinho da Silva se mantiver viva, do puto que chega da escola e diz à mãe, raios, a escola nunca mais arde, a caminhada será difícil e complicada.



Qualquer romance, poema, artigo para jornais que eu escreva, terá de vir parar aqui, à zona onde o homem se encontra. Normalmente a fazer asneiras.


Mas tem de arrepiar caminho.


Acho eu.
João Brito Sousa