FOTO DO ALMOÇO ANUAL

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A VELHA MALTA

segunda-feira, 11 de julho de 2011

(José Saramago)
A VIAGEM DE UM HOMEM
(retirado do jornal A AVEZINHA)




“Sempre acabamos por chegar aonde nos esperam.” (in A Viagem do Elefante, José Saramago)



“E o que é que nos espera? A morte, simplesmente. Poderia parecer gratuita, sem sentido, a descrição, que não é exatamente uma descrição, porque é a invenção de uma viagem, mas se a olharmos deste ponto de vista, como uma metáfora, da vida em geral mas em particular da vida humana, creio que o livro funciona.” (José Saramago em entrevista à agência Lusa)


Neste entrevista, José Saramago comenta o seu livro A Viagem do Elefante, “O livro narra uma viagem de um elefante que estava em Lisboa, e que tinha vindo da Índia, um elefante asiático que foi oferecido pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II (seu primo). Isto passa-se tudo no século XVI, em 1550, 1551, 1552. E, portanto, o elefante tem de fazer essa caminhada, desde Lisboa até Viena, e o que o livro conta é isso, é essa viagem”. Na realidade, o livro não aborda nada para além disto mesmo: é uma viagem feita por um elefante que tal como qualquer elefante, não pensa, não tem sentimentos, não é humano nem age como humano; é um elefante puramente elefante. Por isso, o autor considera a história um conto e não um romance, “porque lhe falta o que caracteriza em primeiro lugar um romance: uma história de amor -o elefante não conhece uma elefanta no caminho - e conflitos, crises”.


Tal como podemos imaginar os dados históricos existentes são poucos. Como tal, o prémio Nobel português teve de recorrer à sua imaginação e criatividade para fazer de uma simples viagem de um elefante, um livro que fosse mais além do percurso percorrido por este. “Os dados históricos eram pouquíssimos e o que há tem que ver principalmente já com o que se passou depois da chegada do elefante à Áustria. Daqui de Lisboa até lá, não se sabe o que aconteceu. Sabe-se, ou parte-se do princípio de que foi de Lisboa até Valladolid - onde o arquiduque era, desde há dois ou três anos, regente, em nome do imperador Carlos V (de quem era genro) -, que embarcou no porto da Catalunha para Génova e que tudo o que não foi esta pequena viagem de barco foi, como costumamos dizer, à pata”, esclarece.


José Saramago explica que contou a história “em primeiro lugar, porque me apeteceu, e em segundo lugar, porque, no fundo - se quisermos entendê-la assim, e é assim que a entendo - é uma metáfora da vida humana: este elefante que tem de andar milhares de quilómetros para chegar de Lisboa a Viena, morreu um ano depois da chegada e, além de o terem esfolado, cortaram-lhe as patas dianteiras e com elas fizeram uns recipientes para pôr os guarda-chuvas, as bengalas, essas coisas”. Assume que “Quando uma pessoa se põe a pensar no destino do elefante - que, depois de tudo aquilo, acaba de uma maneira quase humilhante, aquelas patas que o sustentaram durante milhares de quilómetros são transformadas em objetos, ainda por cima de mau gosto - no fundo, é a vida de todos nós. Nós acabamos, morremos, em circunstâncias que são diferentes umas das outras, mas no fundo tudo se resume a isso.”


No documentário José e Pilar assistimos ao processo de criação realizado por um dos maiores génios da literatura portuguesa, presenciamos o nascer d’A Viagem do Elefante. O documentário podia ser somente sobre isso, o lado profundo da criação tendo como protagonista o prémio Nobel português. Todavia, assistimos a uma história de amor; conhecemos um José e uma Pilar, tão reais e verdadeiros quanto um casal comum; duas pessoas que apesar de diferentes têm em comum a força que luta por um mundo melhor. Ao longo do filme torna-se evidente que a união entre genialidade e simplicidade é possível.


Tive o prazer de ir ao lançamento do DVD e banda sonora do documentário José e Pilar. Mesmo já conhecendo o filme, não deixei de o ver como se da primeira vez se tratasse (as grandes obras têm esse lado mágico).


Todos os portugueses deviam proporcionar a si mesmos a oportunidade de conhecer o José para além do Saramago. Sem cores politicas ou ideais religiosos devemos ser capazes de valorizar e de nos orgulhar daqueles que tanto fizeram pela língua portuguesa. José Saramago nasceu e morreu português!


Recolha de

JBS

2 comentários:

  1. Ó João.....tu achas que a dona Helena o proporia para o exame de admissão lendo um dos seus textos?
    Sou obrigado a concordar com o Zé Elias....mas desde há muito...
    Tentei convercer-me de que estava errado e li vários livros dele até que desisti....De José,encontrei pouco mas "saramagos" deixou muitos. ...Isto sem contar com o comportamento social perante os colegas...lá no jornal.O Baptista Bastos sabe-lo bem.

    abraço

    Diogo

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  2. Viva,

    É verdade o que dizes mas acho que o homem tem coisas boas.

    Como va spor aí ? Por aqui, cá vou indo com mais ou menos dificuldades.

    De Pechão, nada.

    Ab.
    jOÃO

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