FOTO DO ALMOÇO ANUAL

FOTO DO ALMOÇO ANUAL
A VELHA MALTA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CRÓNICA



E O POVO PÁ !...
Por João Brito Sousa

A frase em título tem força e musicalmente tem a sua própria melodia e a sua própria docilidade. Vejo nela um, talvez, estado de alerta, uma pergunta bem colocada e uma resposta que ainda não foi dada. Mas que tem de ser dada. É uma expressão popular mas de grande alcance e significado. Porque representa quem está no último degrau da hierarquia social. O povo, diz a canção do Zeca Afonso, é quem mais ordena, mas isto numa perspectiva de poder ser assim, porquanto o povo é expresso em maior número de pessoas. E poderão eventualmente ter força.

O que se duvida porque é preciso organização, determinação e vontade, disponibilização e empenho e sobretudo competência e cultura. O que é muita coisa. O povo, apesar de tudo, tem evoluído muito no aspecto cultural, penso eu. Todavia é a classe social que enfrenta mais dificuldades perante as exigências da vida. Daí o título. Uma pequena parte dessa classe operária, a que estava razoavelmente organizada, pouco numerosa sim, ajudaram a construir a República, embora não tenham obtido aquilo que ansiavam. Juntamente a esta classe operária, situavam-se os pequenos funcionários públicos, os empregados do comércio e dos transportes. Isto é o povo.


Em 1910, havia em comum, nestas classes sociais o analfabetismo e por via disso a ausência de noção de classe . Nos campos as populações viviam situações de sérias dificuldades o que os levou a revoltar-se esporadicamente contra a exploração que lhes era movida pelas cidades.
A situação hoje não é muito diferente e essas pessoas que citei, continuam com problemas. E daí a pergunta dirigida às entidades responsáveis. E o povo, pá! …


Quando a Republica foi implementado, a sociedade portuguesa estava dominada pela alta burguesia, constituída pelos grandes banqueiros, comerciantes e industriais, que partilhavam o poder politico com a velha aristocracia proprietária da terra. O povo constitui, por norma, a classe social mais desprotegida, pelo que coloquei essas palavras em título. Era bom que as pessoas se consciencializassem que os valores da fraternidade, da solidariedade do respeito pelo próximo e outros conhecidos, são os pilares de uma sociedade mais justa. Existem duas verdades que nunca podem ser separadas neste mundo: 1ª que a soberania reside no povo; 2ª que o povo nunca deve exercê-la. Nesta frase de Antoine Rivarol está perfeitamente identificado o que vale o povo e o que não vale. A força do povo, o seu potencial, o que o povo pode fazer nunca deverá ser esquecido, dai o título, mais uma vez o refiro, desta crónica. Porque no fundo, o povo, é uma classe social conservadora, onde ele próprio não é muito ligado a mudanças.


O povo tem um historial grandioso.


É o que eu penso.

jbritosousa@sapo.pt

domingo, 22 de maio de 2011

VASCO DA GAMA



ATÉ À ÍNDIA

Por Dulce Rodrigues




Com uma frota composta por quatro navios - as naus S. Gabriel, S. Rafael, Bérrio e uma caravela de mantimentos - Vasco da Gama chega a Calecut, uma das grandes cidades comerciais da Índia. Esta extraordinária aventura marítima portuguesa vinha confirmar a comunicação directa entre os oceanos Atlântico e Índico e punha um ponto final na antiga ideia de que este último oceano era um mar interior.



As repercussões desta descoberta contribuiram de um modo significativo para a combinação prática dos conhecimentos técnicos e científicos, que deram origem à construção de novos instrumentos e armas e no desenvolvimento de novos métodos científicos de observação astronómica. As viagens marítimas dos Portugueses propiciaram a circulação do conhecimento das técnicas de navegação, algumas das quais já eram do seu conhecimento muito antes da expansão marítima. Portugal abriu o caminho a um conjunto de objectivos humanos como o desenvolvimento de novas terras e mercados, uma maior compreensão de outros povos e culturas, e o despertar da curiosidade pela diversidade botânica e zoológica de um mundo até ali desconhecido dos Europeus



Retirado de


quinta-feira, 19 de maio de 2011

VACANCES



VILLE DE SAINT LAURENT

Por João Brito Sousa

SAINT LAURENT, o local em França onde estou instalado em casa de familiares, fica na periferia de Perpingham e é uma área de vivendas, construída pelos franceses com mais de sessenta e cinco anos. Trabalharam em vários pontos do país, amealharam os seus cobres e, para a parte final da vida, adquiriram já feita ou mandaram construir aqui, a sua vivenda.
Vi uma vez um filme, onde a personagem principal, que fazia o papel de um polícia americano, tinha a mesma forma de pensar que estes franceses e vivia obcecado com o problema da reforma, que, pensava o nosso polícia, lhe daria a liberdade de escolher de fazer ou não fazer coisas Concordo.

De uma maneira geral, penso que será assim em todo o mundo, havendo um certo receio na parte final da nossa estadia por cá e então, cada um trata de enfrentar à sua maneira esse problema da terceira idade. Os franceses que vejo por aqui e estão nessa situação, vão de bicicleta à padaria ou “BOLANGERIE” comprar o pão, melhor, as baguettes, o que é um bom exercício físico para a malta dos sessenta e cinco para cima.


É interessante reparar na protecção dada a quem por aqui anda de bicicleta, pois, juntamente com os que andam a pé, têm corredores próprios para tal desempenho, sendo assim protegidos dos automóveis e camiões. E há placas em certas ruas a dizer isso mesmo “dê prioridade aos ciclistas”

A França continua a ser um grande país, mas nada que se pareça com a França dos anos cinquenta, sessenta ou mesmo setenta do século passado, em termos de emprego e oportunidades de trabalho. Pelo menos é o que dizem os emigrantes portugueses que estão cá desde esses tempos. E esses portugueses são uma autoridade na matéria porque deixam obra feita aqui, sendo alguns até proprietários agrícolas de razoável dimensão.


Mas há qualquer coisa de estranho, pelo menos para mim, nesta França de hoje. Perguntei numa loja onde se vendem jornais, onde se encontrava a Biblioteca e não me soubera-m dizer, coisa que mais tarde vim a descobrir e ficava na rua de trás. Admito todavia que me tenha expressado mal mas fiquei surpreendido. Outra coisa é haver aqui tão poucas casas onde pudéssemos aceder á internet. Encontrei apenas uma, com um preço hora de utilização bem alto e que às segundas feiras só abre às 15 horas. Mas acabei por ter sorte, porque falei nisso à senhora do café que frequento, um estabelecimento que pertenceu ao senhor Daniel, que, curiosamente, viveu aqui em frente da casa onde habito, tendo depois vendido a vivenda a um holandês, partindo não sei para onde, o que contraria a tese inicial, essa de que os franceses vinham para aqui aos sessenta e cinco.


O Daniel saiu, e, dizia eu ter tido sorte, porque no referido café, a senhora me dizer que o estabelecimento estava apetrechado com tal serviço internet e que o poderia utilizar quando quisesse. E assim foi. Utilizei o serviço e deu certo. De tal modo eficiente que vou para lá agora E quero deixar um obrigado à madame do café


Sábado vou-me embora mas espero voltar, porque as paisagens periféricas são fantásticas. Quero aprender rapidamente o caminho para Coulliure. Aqui já é a França da cultura que eu pretendo frequentar, a dos pintores e artistas. Afinal a França sempre é a grande França.


jbritosousa@sapo.pt

terça-feira, 17 de maio de 2011

CRÓNICA





AS FRIAS MADRUGADAS

Por João Brito Sousa



nota - este texto é para o meu amigo Diogo Tarreta, que diz gostar do que eu escrevo. e eu agradeço.

O título é do Fernando Namora, o escritor médico já falecido. Estive a ler alguns poemas seus, com aquela dose de pessimismo q.b. e, entretanto, lembrei-me do meu aluno da primária, o Luís Matos, que era um craque na aritmética e tinha um raciocínio apurado, lógico e seguro. Nas outras disciplinas também era bom, mas na aritmética, upa…upa.


Mas o Luís, possuía uma particularidade interessante, ou talvez não: - não jogava à bola com os outros colegas. Nem lá aparecia por perto. E aquilo dava-me que pensar, porque razão o Luís não gostava de jogar à bola se a miudagem toda gostava!


A lógica da vida não será tão linear assim. Às vezes, as situações não encaixam na nossa maneira de ver as coisas. Cada um de nós tem o seu destino. Ou o seu fado, como quiserem. E além disso, há a esperança, que se traduz num pedido de empréstimo de qualquer coisa à felicidade. A felicidade, esse estádio que está difícil de atingir, porque a humanidade está de costas voltadas para ela. A vida de hoje é briga. Briga-se por uma oportunidade de emprego que nos surge, briga-se por um lugar na fila, briga-se na estrada e por aí fora. E não vejo hipótese de as coisas mudarem. Os exemplos que vêm de cima são péssimos. E, estou convencido que são para continuar.

A imprensa tem falado em desvios de fundos, por pessoas que até tinham conseguido algum prestígio, que se veio saber agora, foi conseguido à custa de atitudes menos próprias, que violam princípios, que não respeitam as normas estatuídas.


Encontrei o Pai do Luís por estes dias e fiquei a saber que uma dose forte o tinha levado. Pensei: o Luís tinha qualquer coisa, tinha esse pressentimento. Um rapaz com um raciocínio tão certinho e colocou-o ao serviço da causa errada. Os fraudulentos que a Imprensa fala hoje, são possuidores de bons indicadores intelectuais e não atinaram com o caminho certo; só burrada.


São as frias madrugadas da vida.


Mas a sociedade terá de mudar, com o esforço de cada um dos seus elementos, tentando perceber o que está errado e o que está certo. E aí entram os escritores, os professores e todos aqueles que deram provas de querer participar. E estão disponíveis para contribuir para um mundo melhor. Mas devemos ser humildes, uns e outros. A vida de hoje deixa-se ir na onda da arrogância e da maledicência. Erasmo de Roterdão já alertou para isso há quinhentos anos e entre nós, Almeida Garrett fez esta pergunta: quantos pobres é preciso sacrificar para se obter um rico.?


Esta resposta tem de ser dada.


A vida continua, sim, mas com a cara meio embaciada e de cabeça curvada. Mas que diabo, será difícil ver onde está esse lado negro que nos faz sofrer e envergonhar? Sim, porque a humanidade sofre, pelo que faz e pelo que os outros fazem E tem de saber as causa. Mas, enquanto aquela história, contada por Agostinho da Silva se mantiver viva, do puto que chega da escola e diz à mãe, raios, a escola nunca mais arde, a caminhada será difícil e complicada.



Qualquer romance, poema, artigo para jornais que eu escreva, terá de vir parar aqui, à zona onde o homem se encontra. Normalmente a fazer asneiras.


Mas tem de arrepiar caminho.


Acho eu.
João Brito Sousa




sábado, 7 de maio de 2011

CRÓNICA

(João Brito Sousa)



ESCREVER
Por João Brito Sousa

Escrever uma crónica para o jornal, escrever um livro, escrever de qualquer outra forma com a finalidade de publicar, é, num certo sentido, conversar com pessoas que nós não conhecemos, mas que talvez possamos vir a conhecer um dia. Ao escrevermos estamos a expor as nossas ideias e a emitir opiniões que podem ou não ser bem aceites por quem as lê. Mas isso é normal, porque o cronista ou o escritor gostam de ser lidos, e, sobretudo que os outros que nos lêem, se pronunciem sobre os assuntos que foram abordados. Porque escrever tem um conteúdo que se pretende divulgar.


O cronista ou escritor quer dizer coisas, que, no seu íntimo se destinam a melhorar o comportamento dos outros. Duma maneira geral é esse o objectivo da escrita. Todavia, o cronista ou o escritor, não fazem do que escrevem uma lei. Num texto ou num livro não cabe tudo, fica sempre uma margem para o leitor navegar. È que, escrever, além da técnica própria que exige saber e dominar, exige também dedicação e empenho. A actividade de escrever, resulta, por assim dizer, numa vontade enorme de dialogar com os outros, conseguindo ver nas personagens que cria, esses tais outros que falo. Às vezes, chegam-nos algumas opiniões sobre aquilo que escrevemos e, se nos são favoráveis, provocam em nós grande alegria criando-se uma relação de afecto entre quem escreveu e quem leu.


Para quem escreve, é importante ter do outro lado leitores exigentes, que coloquem questões, para que fiquemos com uma opinião mais concreta acerca da capacidade de nós próprios. O cronista ou o escritor deve conhecer os seus pontos fortes e fracos. E deve ser corajoso. Pessoalmente, escrevo para mim para poder chegar aos outros. E escrevo aquilo que penso. Mas devemos ensinar os leitores a ler os nossos trabalhos. Quem o diz é António Lobo Antunes, que aprecio sobretudo na crónica curta. Quando escrevo estou a pensar no leitor, porque está presente, nesse momento, a responsabilidade do que estou a dizer ou a escrever. Aprende-se a escrever? Sim, lendo os outros.

Ler os outros para conseguirmos o nosso modelo Normalmente o escritor tem um modelo de escrita que é vantajoso para quem escreve e para quem lê. Porque há uma identificação na maneira de ser entre quem escreve e quem lê o autor. Daí resultarem os leitores fiéis que têm os seus autores preferidos. Eça de Queiroz encantou-me na juventude e hoje ainda gosto de o reler. Eça era detentor daquela ironia fina, que nos rebocava e nos conseguia levar, sempre entusiasmados, até ao fim do livro.


Escrever, em suma, é uma ocupação igual a outra qualquer que nos dê prazer, mas ao escrevermos podemos escolher o assunto e dar-lhe a tonalidade que acharmos mais adequada. È das mais antigas formas de comunicar. Da mesma maneira que sentimos aptência para pintarmos um quadro a sentimos para escrever. Muitas vezes não temos nada para dizer mas sentimos vontade de escrever. Porque queremos estar entregues a nós próprios, no nosso mundo. Porque a escrita tem o seu mundo próprio. Quem escreve nunca está só mesmo que estejam apenas ele e o teclado. Há sempre um dialogo, mesmo que pareça surdo, mas que está presente. Há pessoas que gostam desta solidão. São os escritores. Que também precisam das pessoas, para as ver, para as observar, para lhes dizer bom dia. É uma outra forma de estar. Às vezes incompreendida.

Mas que vale a pena. Porque escrever é um aliado que temos ali à mão, que não discute nem briga. Isso pode vir depois. Mas naquele espaço de tempo que ocupamos a escrever o mundo foi cor de rosa. O que sabemos não ser.
A felicidade são momentos. E passamos por lá.


jbritosousa@sapo.pt

sexta-feira, 6 de maio de 2011

ENTREVISTA COM O Dr. RUI MOREIRA





ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO, Dr. RUI MOREIRA, para o jornal "O OLHANENSE".

Por João Brito Sousa

… estive quase morto no deserto…e o Porto aqui tão perto.
Sérgio GODINHO

Nem sempre o Porto esteve perto de todos nós. E ainda não está. Mas não há razão para tal. Percebi isso agora desde que resido nesta enorme cidade. Diria enorme em tudo. Sobretudo na Honradez. Há orgulho na pronúncia do Norte e nessa coisa de ser nortenho. E a cidade ama e é amada. Vê-se isso, claramente, na literatura de Miguel Veiga, que me enviou a sua obra, O Meu Único Infinito é a Curiosidade” com prefácio de Baptista-Bastos e trata-me por querido amigo, vê-se nos escritores Álvaro Magalhães, Francisco José Viegas, em António Manuel Pina, Germano Silva, Hélder Pacheco e tantos outros.



Sabe-se que existem feridas dum passado mais ou menos longínquo que ainda perduram. Vi isso naquele cavalheiro de oitenta anos, no restaurante onde ia começar a almoçar, quando no noticiário da uma, na TV, o locutor disse: “não há dinheiro para o Metro do Porto.” E logo o velhote, levantando-se e mais ou menos furioso, disse: “se fosse para Lisboa já havia”
A região norte tem a sua maneira de ser e é preciso percebê-la. Melhor, estuda-la, i.e aprender com eles. E há muito que aprender. Todos os dias.



Pretendi fazer um trabalho onde nos encontrássemos todos e déssemos as mãos. Não sei se consegui. De qualquer maneira, esta entrevista ao Dr. Rui Moreira, distinta personalidade do Norte, foi bem recebida por muitos amigos meus. O Engº portuense Faro e Barros disse-me, esse é bom, de Washington, um amigo meu disse-me, gosto dele, o meu amigo Joaquim do restaurante Noruega da Fuzeta disse-me, sou portista, por causa de uma defesa que o Américo fez no estádio do Olhanense e muitos outros me disseram o mesmo. E pensei no assunto. E graças à simpatia do Dr. Rui Moreira, o trabalho fez-se. E vai a seguir.



Rui de Carvalho de Araújo Moreira, nasceu no Porto em 8 de Agosto de 1956 . É portador de um curriculum académico brilhante e tem no campo profissional desempenhos de grande eficácia. Frequentou o Colégio Alemão do Porto e o Liceu Garcia de Orta e licenciou-se em Gestão de Empresas pela Universidade de Greenwich em Londres em 1978.É membro do Senado da Universidade do Porto e desde 2001, Presidente da Associação Comercial do Porto e também membro do Conselho Consultivo da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica.
Foi desportista internacional, na disciplina de Vela tendo obtido vários títulos de campeão nacional em seniores e juniores em várias classes. È comentador desportivo em programas de televisão e assina colunas regulares em diversos jornais, como é o caso do Público, e é habitualmente convidado para conferências e debates, nomeadamente sobre a Região Norte e o






Grande Porto, tendo colaborado activamente nos encontros "Porto Cidade Região"



Membro da Comissão de Honra da candidatura de Mário Soares à presidência da República, Rui Moreira é apontado, por muitos, como candidato a uma brilhante carreira política.
Rui Moreira foi condecorado pelos governos da Hungria e da Itália.



É responsável pela edição do «Tripeiro», órgão de informação de propriedade da Associação Comercial do Porto, uma revista de culto e tradição, com preocupações de natureza literária e que guarda a memória colectiva da comunidade portuense, que cultivando a identidade Portuense, recorda-nos o que foi o Porto, para que o preservemos, mostra-nos o Porto que somos, para que o sintamos, e ajuda-nos a antever o Porto que seremos, para que o possamos prevenir



Foi com esta ilustre personalidade que estivemos à conversa e resultou no que se vai a seguir.

1 - Jornal «O OLHANENSE» (JO) - O nosso jornal gostava de aproximar as cidades do Porto e de Olhão, numa altura que o jornal do clube atinge o nº 1000. Que tal a ideia?
(RM) Acho uma ideia excelente. Duas cidades costeiras, mas tão longínquas…
2 - (JO) - O que foi o Porto de que fala o "Tripeiro"?
(RM) – O Tripeiro fala do Porto profundo, do Porto das pessoas e das gentes. Fala da história passada e regista, também, a história presente, para que esta possa ser recordada mais tarde. Há alguns anos, a revista caíra na tentação de só falar do passado. Não era essa a sua génese. Hoje, fala dos protagonistas, dos problemas da cidade, sempre dentro de uma perspectiva histórica.



3- (JO) - Será mais fácil falar do Porto de hoje?



(RM) – É mais difícil, porque ao falar do presente, não conseguimos o distanciamento, a isenção. Nesse caso, precisamos de confrontar várias fontes, procuramos conjugar vários depoimentos, muitas vezes contraditórios. É assim que se faz a história.



4 - (JO) - A identidade portuense como a vê ?



(RM) – O meu livro “Uma questão de carácter” foi dedicado a esse tema, como sabe. Prefiro citar uma pequena passagem do que, a propósito, então escrevi:
Apesar de ser uma cidade de pequena dimensão e diminuta importância, porque mesmo em Portugal é pouco influente, e ainda menos afluente do que quer que seja, o Porto tem um carácter inconfundível. O que está longe de ser um aspecto desprezível e o que, sendo um motivo de orgulho, também é causa de muitas preocupações.Esta identidade complexa e única não decorre apenas da sua história ou, pelo menos, da história que é contada pelos compêndios e pelos manuais. Afinal, sob esse ponto de vista, todas as cidades têm histórias diferentes, e a nossa, que reclama ser Invicta, também sofreu os seus sobressaltos. Creio que a marca de água do Porto resulta das suas resistentes e fortes tradições, de uma versão plebeia e não escrita da história, e também, ou principalmente, do facto de ser a primeira das cidades atlânticas da Europa. Não a maior, obviamente, mas a primeira, já que é a mais meridional de uma cadeia de cidades costeiras e portuárias que se estende pelo Norte de Espanha, pela Gasconha, pela Bretanha e Normandia, pela Bélgica e pela Holanda até às cidades hanseáticas da Alemanha. Todas estas cidades têm climas parecidos e muitas outras semelhanças entre si.
Isto mesmo, ouvi, um dia, Jorge Sampaio confessar, ao dizer que quando chegava ao Porto e percorria a Foz e depois subia a marginal, sentia que estava numa cidade do Norte da Europa, pelas suas cores e pela estreiteza do seu rio, em contraste com Lisboa, com a luz que a define e o seu rio espraiado a que alguns lisboetas chamam mar. E, de facto, enquanto Lisboa é uma cidade do sul da Europa, que tem um rio que é também um horizonte, o Porto é, na sua morfologia e na sua arquitectura e urbanismo, que aproveitaram ou se resignaram às suas condições naturais, a mais meridional dessas cidades atlânticas, a primeira do norte da Europa.Mas também resulta em muito, essa sua natureza diferente, das suas gentes. Da sua forma de estar, de falar, da sua franqueza, da sua generosidade e da sua irascibilidade, que é caracteristica comum a quase todos os que cá vivem, e que nem sempre é muito apreciada, sobretudo entre aqueles que cultivam as boas maneiras e a gentileza das palavras como forma de esconder a adulação, a mentira e a hipocrisia dos jogos de poder. O Porto tem, na verdade, um carácter irrepetível e único. E é bem sabido como naturezas diferentes e modos de ser únicos se pagam caro, ou em razões de incompreensão, ou como alavanca da necessidade de traçar os próprios rumos e afirmar, sem dependências ou sujeições, essa identidade. O que o Porto sentiu desde cedo, e o que o obrigou a tratar da vida.



É esta a minha convicção profunda sobre esta identidade tão carregada, cheia de contrastes e contradições.



5 - (JO) - Não, o Porto não precisa de "portuenses" que o amesquinhem... - disso se encarrega o Terreiro do Paço, escreveu Hélder Pacheco, no JN, Passeio Público de 29/10/2009. O que é que isto quer dizer?



(RM) – Quer dizer que há, também no Porto, quem não honre as suas tradições, quem ofenda a sua honra e o seu carácter. Creio que Helder Pacheco se referia aos portuenses que tudo criticam, o que é um hábito muito português, e também portuense. Mas, a minha preocupação é outra. Como escrevi:



Hoje, o Porto, enquanto sociedade, é menos liberal e mais fechado, mais agreste e menos permeável. Até as suas elites parecem desmobilizadas, descrentes e, por vezes, rancorosas. Agustina Bessa Luís, que não se conformara com a destruição do jardim da Cordoaria, sentenciaria que a cidade mudou e perdeu a sua graça.



Nada que nunca tenha acontecido. O Porto teve, ao longo dos últimos séculos, momentos em que se abriu ao exterior e outros tempos em que, por contraste, se fechou. Mas, nestes tempos, corre hoje um risco maior, inédito, porque o fim da sua burguesia liberal e o envelhecimento das últimas dessas suas elites parece estar a ocorrer em simultâneo com o aparecimento, aqui e ali, de um proselitismo que não é de bom augúrio, nem poderá trazer consigo nada de bom.



Há uma nova forma de arrogância, por vezes “rebocada” pelos êxitos do Futebol Clube do Porto, que parece estar na moda e que nada tem a ver com a velha rudeza que caracterizava a sociedade portuense. Essa arrogância, que alterna com uma tendência, também muito notória, para o queixume e para a maledicência, contrasta com o carácter da cidade que segundo Miguel Veiga “se vertebra na firmeza das suas convicções, no respeito das diferenças e das fraquezas e onde a humilhação e a queda de um homem não dão prazer a ninguém.”

6 - (JO) - O Norte terá perdido a sua força reivindicativa ? Se sim, quais as razões?



(RM) – Creio bem que não. Num recente discurso, por ocasião da visita de Pedro Passos Coelho ao Porto, disse o seguinte, no meu discurso:



Vive-se no Norte, um ambiente extremamente depressivo. Todos o sabemos, e compreendemos as razões. Por isso, estamos disponíveis para continuar a fazer sacrifícios, a bem de Portugal.
Contudo, engana-se quem subvaloriza esta situação, e ilude-se quem acredita que tudo iremos aceitar com conformismo e resignação. Há hoje um sentimento latente de injustiça, face ao sobrepeso do Estado que se concentra em Lisboa e aniquila as nossas empresas, e um sentimento inequívoco de revolta contra a duplicidade dos políticos, principalmente daqueles que esquecem o interesse dos seus eleitores. Engana-se quem pensa que o Norte vai continuar a pagar a factura da farmácia, se os remédios forem meros paliativos que, por norma, são todos utilizados para benefício da capital.



É, por isso, porque há uma situação de desigualdade gritante e um sentimento de revolta que é preciso contrariar, que aqui faço um apelo para que se tomem medidas urgentes para contrariar essa situação.



Creio que o espírito de revolta está vivo, ainda que dormente. Queira Deus que não acorde em sobressalto…



7 - (JO) - Considera que há falta de líderes na região Norte?



(RM) – Não, acho que há líderes, como Rui Rio por exemplo.



8 - (JO) - A campanha de Humberto Delgado em 1958, iniciada no Porto, foi importante para a cidade?



(RM) – Foi muito importante. Curiosamente, o país divorciou-se de Salazar no Porto. Com o Bispo do Porto, os católicos afastaram-se do regime. Com Humberto Delgado, a burguesia virou as costas ao Estado Novo. Não fora a guerra colonial, que por questões patrióticas uniu o país numa primeira fase, e o regime teria mudado no início dos anos sessenta.



9 - (JO) - O Algarve, o que lhe diz?



(RM) – É um dos meus destinos de férias favoritos. Apesar de viajar muito, continuo a fazer férias cá dentro. Mas, é também uma recordação, dos anos sessenta em que a costa algarvia ainda não fora desfigurada, em que havia pescadores e gente simples, afável. Felizmente, a serra escapou a essa pseudo-modernidade do betão e das marquises.



10 – (JO) – Já agora, a imprensa regional, como a encara?



(RM) Tenho um enorme carinho pela imprensa regional, que é, se assim quiser, um hino contra a globalização. Hoje, de Nova Iorque e Paris, de Lisboa a Hong Kong, as primeiras páginas dos jornais são iguais. A imprensa regional é o nosso mundo, a nossa intimidade, a nossa proximidade. Em suma, há uma enorme cumplicidade que só existe à custa da abnegada e heróica imprensa regional ou local.

Jbritosousa@sapo.pt

POEMA

TALVEZ



Talvez tu nunca tenhas visto o azul do mar
Talvez tenhas sonhado que essa cor existe
Talvez tenhas pensado saber o que é amar
Mas tens um coração de dúvidas que resiste!...


Talvez queiras uma certeza no que é incerto
Talvez queiras uma oportunidade e ser feliz
Mas não aceites bem se o amor parecer certo
Apesar do coração só aceitar o que o amor te diz.


E se o amor te disser que quer a tua companhia
E quer viver contigo em sossego, paz e harmonia,
Aproveita que isso na vida acontece uma vez.


Talvez depois, seja amor tudo o que vier até ti
E serás aquela pessoa que ora chora, ora ri
Porque o amor é assim mesmo, não é talvez...

JOÃO

CARTA A UM CÍRCULO DE AMIGOS

(armando baptista bastos)



De armado baptista bastos,


O meu ofício é escrever histórias. Quero dizer. souum vnededor de esperanças e um mercador de omissões. Há quem escreva para evitar viver; eu vivo a escrever, tentando obstinado e humilde, reparar uma uma injustiça primordial -o que nos pune com a morte. Batalho rudemente contra o tempo recuperando a memória, reavivando perfumes antigos ...



JBS

PARABENS

SCBRAGA / BENFICA



O jogo de futebol entre o SCBRAGA / SLBENFICA foi ganho pelo SCBRAGA com todo o mérito. Foi inteligente a conseguir o resultado.

Contrariamente ao que eu previa não houve incidentes. O jogo foi bastante correcto e sem casos..

Continuo benfiquista mas é de bom tom e de toda a justiça felicitar os bracarenses pelo bom desempenho.

O norte está de parabéns, futebolisticamente falando.

Hoje é o nome de Portugal que está em jogo.


PARABENS SCBRAGA

Porque
Foste mais sereno
E desta vez
Não foste nada pequeno

Foste
Sério e honesto
E nada modesto

É assim a vida

E para o resto da corrida
FELICIDADES.

JBS

quinta-feira, 5 de maio de 2011

CRÓNICA

(António Aleixo)


QUE FELIZ DESTINO O MEU !...
Por João Brito Sousa

O título desta crónica, é um verso de António Aleixo, retirado dum dos seus poemas de amor. Trouxe-o para aqui, por um lado, para dar devaia ao poeta e por outro, para espraiar o meu raciocínio, quer quanto ao meu destino, quer quanto ao destino colectivo desta Nação de quase novecentos anos, já que penso que os mesmos não coincidem, temporalmente.


A palavra destino, num sentido genérico, tem uma força enorme e uma distância igualmente enorme; fica lá para os confins. Mas situando-se muito distante, tem, na pertença de cada um de nós, uma distância relativamente pequena e uma longevidade igualmente pequena. Quer dizer, o destino do País situa-se lá para o fim do Universo e o destino do homem, cada um por si, situa-se numa distância e longevidade próximas. Digamos então que destino do País e o destino do ser humano, apenas se vão encontrar no somatório dos diversos destinos do homem, podendo sim, nessa altura, encontrar-se esses vários destinos individuais, representado pelo último, com o destino do País.


“Que feliz destino o meu, desde a hora em que te vi, julgo até que estou no céu, quando estou ao pé de ti”, é o que canta Aleixo, que é o destino que o poeta requer para si, e, no fundo, requer para nós todos, pretendendo conduzir-nos a uma harmonia de interesses, para se chegar a um estádio de bem estar sentimental, neste caso, que nada tem a ver com políticas de Governos em exercício, mas sim com sentimentos, que se geram no interior de cada um de nós e dos quais, apenas nós somos responsáveis pela sua condução, que às vezes, por ser má, também não nos traz a almejada felicidade.


No campo social, há também um destino pessoal que navega dentro do campo das possibilidades de acesso, que potencialmente cada um de nós possui e nos são disponibilizadas pelo País, enquanto entidade responsável pelo destino de cada um de nós. E aqui é mais difícil de conciliar e ter êxito, porque é uma entidade colectiva a gerir um colectivo, com a particularidade deste colectivo ser o somatório de comportamentos individuais, cada um com a sua formação, o seu querer, a sua potencialidade, que vai encaixar na oferta do colectivo País.


O nosso destino particular, dependerá do comportamento do destino colectivo preconizado e implementado pela entidade maior designada País, não se podendo esquecer, que esse comportamento é executado por unidades de destino já ali ao virar da esquina, chamemos-lhe destino à vista, se bem que no conjunto se deva ter em mente que esse destino País é o destino a grande distancia.


Estará aqui a razão da grande desarmonia? O destino dum País é preparado e conduzido a uma velocidade mais lenta, porque é de dimensão maior, comparativamente ao destino pessoal de cada um de nós, que exige mais rapidez, por ser de extensão mais curta. Há aqui nestes comportamentos disparidade de procedimentos, o que origina o prejuízo numa das partes, normalmente a mais fraca e a de menores recursos e capacidades. Que somos nós.


O destino, num outro sentido, é uma palavra portuguesa que nos amarra e simultaneamente nos encanta. E que nos atrai, nos momentos mais difíceis. Às vezes até o cantamos porque somos um País, aparentemente, sem destino e por isso cada um de nós terá igualmente um destino precário. Mas cantadores de fado, sempre.


Eu não canto porque não tenho voz. Mas gostava.

Jbritosousa@sapo.pt

AOS POETAS QUE QUEIRAM COLABORAR

CONVITE AOS POETAS


QUE QUEIRAM COLABORAR


VENHAM^


Se você quiser, meu caro amigo
Poeta ou escritor dê a entrevista
E querendo, pode até falar comigo
Eu gosto de ter um amigo à vista


Amizade é, para mim, podem crer
Um sentimento poderoso, honesto
Que eu tenho orgulho em saber
Que o possuo não importa o resto

Entrevistar aumenta a solidaredade
Que devéra existir na nossa idade
E às vezes não existe, não e não e não

Venha, diga-nos de si, o que quiser
Porque qeiramos ou não basta vc dizer
Que é poeta, esse ser humano de eleição


JBS



Os Confrades da Poesia – Quem é (o entrevistado)? …
R:
OCP – Sente orgulho da sua terra Natal?
R:
OCP – Quando começou a escrever e como define a Poesia?
R:
OCP – Acha que a Poesia é um bem Universal?
R:
OCP – Há quem diga que os poetas são loucos ou sonhadores, qual é a sua opinião pessoal?
R: OCP – Quais os seus autores favoritos?
R:
OCP - Tem obras publicadas ou publica os seus trabalhos em jornais ou revistas?R:
OCP – Encontra algumas dificuldades em publicar os seus trabalhos?
R:
OCP – Qual a sua opinião sobre a publicação digital (e-books) hoje tão actual?
R:
OCP - Tem prémios literários?
R: OCP - Tem Blog ou site próprio ou participa em alguns?R:
OCP – Como define «Amizade»?R:
OCP - Como classifica o Boletim mensal… Acha que ele é uma mais-valia para a nossa Associação?
R:
OCP – Dada a sua experiência que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever?R:
OCP - Tem algo mais pertinente que deseje acrescentar nesta entrevista?
R:
OCP - Pode também acrescentar algumas sugestões que lhe pareçam adequadas...
R:

Colocação de
JBS

terça-feira, 3 de maio de 2011

CONTO




ERA COMO LHE CHAMAVAM.
Por João Brito Sousa

Ti Zé Inácio vivia perto da cidade e era almocreve de profissão. Tinha todo o equipamento necessário para tal desempenho e às sete horas da manhã já estava na cidade à espera dos seus clientes para os fretes do dia. Zé Inácio era um homem muito popular na sua região, homem desembaraçado, percorria as feiras e mercados e às vezes comprava um bezerro que logo o vendia ganhando os seus trocados.


Trabalhava sempre, quando não estava na cidade com o carro e a mula, estava no seu pequeno horto, onde cultivava legumes e batatas, que aos sábados ia vender ao mercado da cidade.
Francisca, a sua primeira mulher, tinha as lides da casa a seu cargo mais os trabalhos que os filhos lhe davam, vendia no mercado e dava uma mãozinha no terreno de cultivo. Zé Inácio era muito exigente com ela, ao ponto de Francisca se irritar por vezes com o esposo, discutindo forte e feio.



Aos domingos, Ti Zé ia até à taberna onde bebia o seu copo e cavaqueava com os amigos. Vinha almoçar à uma da tarde e depois deitava-se a descansar. E chamava Francisca para descansar com ele. Nos dias em que as coisas corriam bem o ambiente era de plena felicidade e até Francisca tratava o Ti Zé por meu querido.


Durante a semana os trabalhos continuavam e a vida ia rolando. Ti Zé era muito apaixonado pelo seu trabalho, trazia o muar bem alimentado e a carroça sempre num brinco, bem lavada, o que não invalida que às vezes não se zangasse com o animal, o que acontecia também com Francisca. Num desses desentendimentos, foi a Francisca que lhe pregou uma surra das antigas, o que levou Ti Zé a pensar melhor na sua maneira de lidar com a sua senhora.


- A partir de agora, vê lá se modificas essa tua maldita maneira de ser, porque quem bate aqui sou eu.


Estranho facto este, das zaragatas, porquanto Ti Zé não se metia na pinga, bebia, é certo, mas nada de excessos, nada fazendo supor nem se vislumbravam razões, para que tal acontecesse.



Mas acontecia.


Ti Zé começou a pensar no que lhe dissera Francisca e não aceitava lá muito bem que fosse ele a comer pela medida grossa, como se diz na gíria. Foi quando se lembrou da Madalena, que às vezes lhe surgia no caminho quando ia para o mercado, aos sábados, que mesmo na presença de Francisca, lhe pedia umas couves para o almoço.


- Toma lá as couves e deixa-me em paz.


Num dessas manhãs, TI Zé disse a Madalena, olha lá preciso de falar contigo.


- Qual é o assunto? indagou Madalena.


- Leva as trouxas e aparece lá em casa à noite.


Madalena foi e a conversa durou até às tantas. Ficou nessa noite em casa do Ti Zé e dormiram os três juntos. A coisa deu certo e durou muitas noites. O Joaquim Preto, quando o via, dizia-lhe.


- Estás bom ó Zé do Meio.


Era como lhe chamavam.


POEMA



DEPOIS DAS DEZANOVE


É depois das dezanove que venho ao jardim
Sento-me no banco grande já dentro das flores
E o silêncio da tarde vem juntar-se a mim
E aí recito os teus versos que são dos melhores

Carinhosos, ternos e belos, como eu nunca li
Companheiros das tardes, frescas e amenas
Leio-os vezes sem conta porque nunca escrevi
Mensagens tão lindas, escrevo versos apenas

Tenho uma ideia e aposto nela e sigo por aí
E espero a tal criação que ainda não consegui
Se nuns dias temos sol noutras vezes chove

A inspiração falta-me às vezes, fico danado
Queria ver nos versos a beleza dum bordado
E por isso vou ao jardim depois das deznove


João Brito Sousa